Maciel Melo –
Já entrei e saí de tantos labirintos que os solados das minhas alpercatas sabem de cor e salteado pra onde eu vou, quando amanheço, todo dia. Nunca vou pelo mesmo caminho, como nunca serei o que não me interessa ser. Já me arranhei tanto nas pétalas que floriam meus atalhos que às vezes preferia o espinho em vez da flor.
Mas me consola saber que ainda me resta a certeza de que nem tudo está perdido. Espero o dia em que a gente possa se abraçar, sorrir, se beijar e, sem máscara, exibir a face sem sentir vergonha de ser brasileiro. E, de cabeça erguida, mostrar ao mundo o outro lado da moeda deste nosso país.
Eu tenho fé na fé com que o povo ora. Eu acredito que nós, de agora em diante, poderemos entrar nos corações uns dos outros e sair sem deixar nem um cisco sequer. Tenho fé na fé da minha mãe, quando ela diz que acredita na luz de um novo amanhecer; quando ela acorda abençoando a casa, pedindo a Deus forças para continuar cobrindo de amor e redenção as suas crias.
Enquanto isso, meu pensamento voa.