2 de Fevereiro: Dia devocional a Iemanjá

*Geraldo Dias

blogqspiemanja

Para o leigo em assuntos afros saber sobre a “mãe – de – peixe”, Iemanjá irá robustecer seu cabedal cultural, mesmo porque, sentirá a energia em nossas raízes africanas, tendo em vista que todos nós somos nagô!

Uma Santa linda aculturada com as sereias europeias e as iaras ameríndias, mãe-d’água ioruba.

A mitologia nagô nos conta que Iemanjá e Aganju, filhos de Odudua, a Terra e Obatalá, a Água, geraram Orungã, o Meio Dia que, apaixonado pela mãe, aproveitando a ausência de Aganju conseguiu violentá-la, quando esta correra perseguida pelo próprio filho,vindo a cair no chão.Da queda , seu corpo começa a dilatar-se , e , dos seios jorram dois rios , que logo se reúnem formando um grande lago..

Sendo rompido o ventre, saem quinze orixás: Dadá, deus dos vegetais; Xangó, deus do trovão; Ogun, deus da guerra; Olokum, deus do mar; Olaxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Oiá (Niger); Oxun, deusa do rio; Obá, deusa do rio Obá; Orixacô,deus da agricultura; Oxosse, deus dos caçadores; Oké,deus dos montes; Ajê Xalungá, deus da riqueza; Xapanã, deus da varíola; Orun, o Sol, e Oxu, a Lua ,não sendo os dois últimos modernamente considerados orixás.

Iemanjá, a deusa-mãe, criação nagô no Brasil – não de todas as tribos negras chegadas ao Brasil – mesclou-se com outras crenças nativas da mesma família (Ipupiara, bôto, cabeça –de – cuia e iara) tendo recebido influência da sereia europeia que lhe estendeu os domínios até o mar , emprestando-lhe os longos cabelos, a cauda pisciforme e os cânticos.

Os nagôs, na África, não lhe rendem o culto em público e, nos candomblés, ortodoxos da Bahia, seu assento fica intramuros; seu culto é feito no mar e nos lagos. Sua grande festa em Salvador é no dia 2 de Fevereiro, em alto mar. Sincretizada com a Virgem Maria, que é Nossa Senhora das Candeias, segundo o quadro do sincretismo afro-católico.

Cerimônias festivas diferem da deusa africana nagô, mas de outra divindade das águas, fruto das concepções ioruba e ameríndia. Etimologia (Yeye, “mãe e ejá, peixe”) Mãe –de-peixe!

O folclore afirma que é uma mãe que apaixona, castiga e mata, levando o corpo do amante para o fundo, sem volta. Excessivamente ciumenta, vingativa, tal qual Afrodite Anadiômine, padroeira de amores!

Aconselho as senhoras “Encalhadas”, justamente as que estão com o pé no caritó, que vão assistir à festa em homenagem a Rainha do Mar, no dia 2 de Fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, e, fazendo um pedido com fé, com certeza encontrarão um “príncipe encantado!”

É uma espetacular tradição afro-brasileira, sendo que na Bahia, partilham desta homenagem, porém, em posição secundária, Nanã e Oxun, esta, também orixá aquática, sempre se confundindo com Iemanjá, a ponto desta ser conhecida por Oxun–Apará e Oloxum.A que estiver mais “Desesperada” “seca” por homem, leve presentes para as três iabas, por questão de segurança, pois quem morre “Encalhada” dará muito trabalho aos Anjos!

Os devotos em cerimônias litúrgicas, organizados na orla marítima, atiram os presentes nas águas, bem como os depositam em embarcações diversas, como sejam: canoa, saveiro, barcos, etc. Não se esqueçam que as iabas são muito vaidosas e gostam de ganhar vidros de perfume, caixas de pó-de-arroz, laços de fita, sabonetes e especialmente de flores, pentes, espelhos, quando não lembranças suntuosas. As oferendas são deixadas em alto mar. Façam os pedidos com muita fé, de modo que os presentes se afundem, pois se não imergirem, e, sendo devolvidos à praia, não foram aceitos e, se pensarem em sair do “barricão”, morrerão “Encalhadas” para eternidade, sem encontrar um “espírito santo de orelha” que lhes faça uma “caridade!”

*Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Cronista – Bel. em Direito – Membro da ABI/Seccional Norte – Escritor – Membro da Academia Juazeirense de Letras.

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