Edésio Santos de sambas e bossas

 

Com a realização da 14ª edição do Festival Nacional Edésio Santos da Canção entre os dias 24 e 26 de março, em Juazeiro, no Centro de Cultura João Gilberto, as lembranças do músico homenageado pela sua cidade voltam a transitar pela memória dos que conviveram com Seu Edésio. É o caso do baterista, pandeirista e cantor Antonio José Rodrigues, ou simplesmente Toinho de Zé Maguim, um dos artistas do Vale do São Francisco que acompanharam a trajetória musical de Edésio.

 

Toinho conheceu Edésio ainda jovem, quando já era um destaque do violão e da guitarra. Além da música, outro momento de convivência foi o futebol. Edésio era técnico do Fluísco, o “Esquadrão de Aço” (assim era chamado o time da Companhia de Navegação, atual Carranca) e o baterista era o lateral esquerdo do time.

 

As bandas de outrora eram conhecidas como conjuntos, e o primeiro, de bossa nova, foi liderado por Edésio Santos. Chamava-se “DelSantos e seu conjunto”, com integrantes que futuramente iriam formar, no ano de 1965, o grupo Sambossa. O conjunto musical durou cinco anos. Nesse período, o Sambossa se apresentou em quase todas as cidades da região e outras ribeirinhas como Xique-Xique e Barra. Tinha na formação músicos como Raimundo Felipão, no baixo, Fernando Rego, no sax, Bosco no Trompete, Toinho na bateria, dentre outros.

 

O grupo ganhou destaque regional quando se apresentou em Recife, capital de Pernambuco, para as rádios Jornal do Comércio e Rádio Clube, e também para emissoras de televisão dos mesmos grupos de comunicação. Numa apresentação no clube Sargento Wolff, no Recife, a Rádio Olinda transmitiu o show para todo o Nordeste. Em Juazeiro e Petrolina, a população ouvia atentamente, e orgulhosa, os acordes de bossa, samba, rumba e jazz entoados pelo Sambossa.

 

Ter vivido estes anos com Edésio é uma satisfação para o músico petrolinense e morador de Juazeiro. “O negão tocava muito. Além disso, era um bom amigo, bom conselheiro…”, relembra Toinho. O baterista ainda ressalta que Edésio era um bom “desenhista arquitetônico”. “Ele trabalhava para a Prefeitura de Juazeiro e particulares. Muitas casas em Juazeiro foram desenhadas por ele”, esclarece.

 

Os filhos de Toinho também se relacionaram com Edésio. Adeptos da boa música se encantavam com os acordes vindos do violão daquele senhor negro, alto, de humor duro, mas engraçado e gentil. Para o médico e cantor Rogério Leal, foi importantíssimo ter convivido com ele. “Tinha um espírito jovem”, conta. O cantor ainda complementa. “Foi um prazer tê-lo conhecido, ter ouvido as suas histórias. Foi um dos que me influenciaram musicalmente. E eu tive duas satisfações, primeiro como músico e outra como médico, quando Edésio já estava idoso e fui tratá-lo”, relembra prazerosamente o médico e cantor.

 

Edésio Santos era uma pessoa simples, gostava das coisas de Juazeiro. Foi parceiro de vários artistas: de João Gilberto a Geraldo Azevedo; de Fernando Rego a Sibele Fonseca. Segundo Toinho e Rogério, a única frustração de sua vida foi não ter gravado um disco seu. “A homenagem do município em dar nome ao principal Festival de música da região é o mínimo que Edésio Santos poderia receber”, desabafa Toinho. Hoje, aposentado, Toinho é integrante de um grupo de chorinho, o “Chorinho do Meu Pai”. Perguntado o motivo do nome ele explica, sorridente: “foi meu filho que colocou”.

 

 

O Festival Nacional Edésio Santos da Canção é uma realização da Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Igualdade, Assistência Social e Cultura.

 

 

 

 

Crédito das fotos: Arquivo Toinho

 

 

Por Raphael Leal/ Ascom PMJ

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