“Sem água nada cresce”

O ex-deputado federal Osvaldo Coelho, um dos mais profundos conhecedores da situação do semiárido nordestino, voltou a escrever para a presidente Dilma Russeff, sob real situação de extrema penúria dos nordestinos, diante de mais este período prolongado de estiagem:

Excelentíssima Sra. Presidente Dilma Rousseff,

“Sem água nada cresce”

Sem água nada cresce, é isto mesmo. No Semi-árido brasileiro existe escassez de água. Na verdade a chuva é pouca e mal distribuída, no entanto a água é suficiente para atender a demanda da população; água dos rios perenes São Francisco e Parnaíba, de poços nas bacias sedimentares e dos açudes, espalhados por toda região, cujas primeiras construções coube ao Presidente Epitácio Pessoa, na década de 20. São cerca de 70 mil açudes, entre públicos e privados, dos quais 400 deles de grande porte com capacidade de acumulação de 36 bilhões de metros cúbicos, sendo que muitos deles ociosos por falta de obras complementares.

O absurdo é que poucos Presidentes se preocuparam em fazer essa água caminhar, ser transportada por meios de adutoras e canais para atender os municípios necessitados.

A China, a Índia, os Estados Unidos, Espanha, Israel, México, Peru, Chile, todos construíram grandes obras hidráulicas para abastecimento humano e irrigação das culturas. No Brasil, com raras exceções, os Presidentes da República escolheram a lei do menor esforço para combater a seca, adotando o uso de carros pipas e a construção de cisternas para matar a sede do sertanejo. Os carros pipas e as cisternas são conquistas do século passado. No século XXI, no Novo Brasil, o sertanejo quer água nas torneiras de sua casa, quer água para irrigar as culturas, quer adutoras, poços tubulares. Quer que o custo de perfuração e instalação de um poço tubular seja custeado pelo Estado.

Há dez anos pararam a implantação dos projetos públicos de irrigação, as adutoras não saem do papel, os riquíssimos aquíferos do Piauí continuam sem aproveitamento – a terra rachada pela falta de agua em cima um rio abundante logo abaixo -. Essa última imagem mostra mais uma contradição vivenciada no sertão nordestino.

Outra contradição na questão do Semiárido diz respeito ao crédito rural. Taxas de juros, prazos de amortização dos financiamentos, garantias reais iguais para todo Brasil. A taxa de juros para o Semiárido deve ser de 0% e o prazo de pagamento de 20 anos, sem exigência de garantias reais. Somente assim o sertanejo terá condições de adotar práticas modernas de produção tais como: irrigar suas culturas, perfurar um poço, tecnificar a pecuária, mecanizar os plantios, etc.

A atual seca que ocorre mais uma vez no Nordeste destruiu os plantios, está dizimando os rebanhos, enfim, arrasando a frágil economia da região é consequência do descaso governamental e da falta de compromisso com o homem do Semi-árido.

Osvaldo Coelho ( DEM/PE)

81 anos

Foi Deputado Federal por oito legislaturas.

Petrolina, dezembro de 2012.

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