Com objetivo de checar os fatos, nossa reportagem esteve na área do acontecimento na manhã desta segunda-feira, 13, ouvindo diversos agricultores que negam a versão do Ministério da Integração Nacional. As polícias Civil e Federal também nos comunicaram que ninguém foi preso nesse fim de semana em decorrência de tal incidente. As pessoas que residem no sítio Santana, que fica ao lado do canal, estão indignadas com a acusação do Ministério.
“É totalmente mentira. Eles querem colocar a culpa nos moradores da comunidade por causa de um serviço mal feito. Como é que a gente ia fazer isso se eles já estavam soltando água do riacho grande (Barragem de Negreiros) pra comunidade? Aqui não tem açude que possa suportar toda essa água. O riacho mais próximo fica em Terra Nova-PE”, disse um agricultor, que pediu para não ser identificado com medo de represálias.
Essa contestação foi reforçada por uma agricultura que reside a pouco mais de um quilômetro do canal. “Não teve nada de benefício pra gente, foi só prejuízo. Eu não acredito que tenha sido criminoso esse acidente”, afirmou. “A gente já tinha recebido água uma vez e já estava descendo água do riacho de novo. Essa era a água que a gente precisava e não uma enchente como aconteceu”, completou.
A correnteza foi tão forte que saiu arrastando tudo que encontrava pela frente. Foram arrastados animais, motobombas, cercas de roças e algumas plantações ficaram totalmente perdidas. Na manhã de hoje, os ônibus escolares estavam atolando no lameiro deixado pela água. Apenas mais um dos problemas provocados pelo grande derrame dos recursos hídricos do Rio São Francisco. O que atesta que os moradores da região não teriam interesse em perfurar o canal.
Representantes do Ministério da Integração Nacional registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Salgueiro, mas sem apontar culpados pela ruptura. Por trata-se de uma obra da União, a Polícia Federal está investigando o caso.
Por Chico Gomes