FESTA CARA AFASTOU O POTENCIAL GASTADOR DO SÃO JOÃO DE PETROLINA, ENQUANTO BARRAQUEIROS RECLAMAM DE PREJUÍZOS

*Cauby Fernandes

Os preços exorbitantes cobrados no São João de Petrolina, o potencial gastador, ficou longe do evento promovido pela organização da festa. Petrolina e Juazeiro são conhecidas como cidades que cobram muito caro por shows que no Vale se realizam.

Um exemplo claro disso, é que um ingresso cobrado em outras cidades em festas com Wesley Safadão, por exemplo, a variável usada, é de no máximo, R$ 50,00 em ingresso simples, a chamada de pista. Em Petrolina e Juazeiro, os empresários, geralmente cobram o preço menor , também na pista, R$ 80,00. A diferença é gritante.

Os organizadores do São João de Petrolina pecaram, e cresceram o olho, pensando que seria igual ao ano passado. E esqueceram que o turista que vem à cidade, é racional, e não  quer ver seu bolso sendo assaltado. Veio ano passado, mas se lembrou que é caro, e resolveu partir para outras festas de São joão.

Caruaru e Campina Grande que são os mais tradicionais  municípios que realizam a festa, aprenderam com os erros, e nos dias do evento, por exemplo, não se cobra taxa para se usar uma mesa. Claro, eles também tem espaços reservados. No São Joãode Petrolina  teve gente surpreendida ao pedir a conta, pois nela estava lá: R$ 120,00 por um bistrô, fora o que consumiu.

Beira o absurdo. Bistrô é aquela mesinha pequena alta, sem cadeiras.

Quem mais frequentou o São João de Petrolina, foram estudantes, turistas com renda inferior, pais e mães de família.

A festa se elitizou, e com a elitização, os preços cobrados cresceram exponencialmente. Isso afastou as pessoas das barracas, e óbvio da compra direta.  A patrocinadora do evento, fez uma tabelização de preços nada agradáveis para quem estava no evento. Ruim para os comerciantes. Prejuízo.

O dinheiro que um turista gasta em dois dias no São João de Petrolina, daria pra curtir cinco dias em Caruaru ou Campina Grande. A prática do preço é outra nas duas cidades.

Petrolina se amostra, acha que todos são ricos, o que na verdade não é verdade. Perdemos o gastador potencial. E a cidade pode perder mais. Se lá fora descobrirem as práticas  de comercialização  no evento, aí a festa vai para o paredão.

Se uma pessoa arrotasse dentro do Pátio, era capaz de ser multada pela falta de educação. Tudo era cobrado. Estamos escrevendo esse exagero para que o leitor sinta que a coisa lá dentro não estava para brincadeira.

Os Ambulantes/Barraqueiros

Forçados a pagar taxas de aluguel de R$ 28 mil Reais, os barraqueiros dizem que a grande marca dos festejos juninos de Petrolina deste ano será mesmo o “amargor”. O amargor de alimentos não vendidos, o amargor de bebidas não consumidas e o amargor das dívidas, inclusive a da taxa de uso das barracas, que eles já começam a somar e que vão lhe restar ao final, quando acabar o “O melhor São João de Petrolina”, como anunciado no polo da festa.

Passado o ponto alto do turismo junino da Capital do Sertão, que teve o forró pé de serra afastado do Palco Central, quando a cidade  “ferve” de visitantes e turistas de todo o estado e de outros recantos do País, os barraqueiros contabilizam os prejuízos do que já é considerado o pior São João de todos os tempos em termos de vendas.

Uma comerciante que pediu para não revelar o nome temendo ser perseguido, coisa comum neste governo que se diz de um ‘Novo tempo”,  disse que depois de 9 dias de festa, inclusive do ponto alto (o dia da véspera do São João), só conseguiu faturar R$ 2,500,00 (dois mil e quinhentos Reais). Faturar, não lucrar. Os comerciantes que em outros anos conseguiam terminar a festa e garantir dinheiro para pelo menos, os próximos 3 meses, reclamam da organização  e  de que não receberam um  bom tratamento por parte da prefeitura com aqueles que alugaram os espaços.

O fato podia muito bem ser constatado quando em pleno dia de uma mega atração no  São João  de Petrolina (22 de junho), se viam barracas sem faturar, outras vazias  por falta de clientes, e olha  que quem estava no palco era Marília Mendonça. No entanto, mesmo com um  Pátio Ana das Carrancas com mais de 80 mil pessoas se divertindo, os barraqueiros e donos de restaurantes, não tiveram motivos para sorrir.

Os barraqueiros dizem que a grande marca dos festejos juninos de Petrolina deste ano será mesmo o “amargor”. O amargor de alimentos não vendidos, o amargor de bebidas não consumidas e o amargor das dívidas, inclusive a da taxa de uso das barracas, que eles já começam a somar e que vão lhe restar após o próximo dia 24, quando acaba o “O melhor São João de Petrolina” como anunciado no polo da festa. E que um novo tempo chegue!

A marca do São João

A prefeitura mudou o nome de São João do Vale para São João de Petrolina. Muitos cidadãos , com a nova marca, não se sentiram representados. A marca São João do Vale, é mais inclusiva, remete aos municípios do Vale do São Francisco, é plural.

A organização do evento pecou e muito pecou! Foi uma festa linda, cheia de gente, mas que não consumiram , não gastaram. É preciso reavaliar.

*Cauby Fernandes é editor do blog Á língua