26 anos, 5 convivendo com o HIV

 


Fiquei gratamente surpreendido pela fortaleza de espiríto diante do forte depoimento do estudante de Jornalismo em multimeios da UNEB em Juazeiro, Juliano Ferreira, em seu blog http://semretoque.blogspot.com.br, onde assume sem qualquer resquício de reclusão pessoal ou de tristeza contra o mundo, sua condição de portador do HIV.  Abaixo transcrevo seu depoimento publicado no Blog Sem retoque (link acima).

-Era o ano de 2007, o preservativo estava do nosso lado, meu amigo, que morava em Irecê, em uma república estudantil acabara de fumar maconha. Começamos a nos beijar e transamos. Fui contaminado neste dia.

Meses depois recebemos, eu e outras pessoas e-mails e mensagens no Orkut anônimos que falavam do problema, pedia para que procurássemos ajuda profissional e fizéssemos o exame. Foi o que fiz. Deu tudo positivo. Três exames, inclusive o confirmatório.

Já era meados de 2009, passei no vestibular, mudei-me para Juazeiro para estudar Jornalismo. Obviamente a primeira providência que tomei foi procurar o Centro de Saúde III – CIDHA – Centro de Informações em DST, HIV, AIDS. Os exames de carga viral estavam descontrolados e minhas células de defesa CD4 e CD8 baixas, o infectologista confirmara, eu precisaria entrar no tratamento terapêutico.

O início foi difícil, as reações do meu organismo aos anti retrovirais eram as mais esquisitas, eu acordava de madrugada, mas não sabia se estava acordado ou dormindo, minha cabeça começou a reagir também. Entrei em colapso, uma nova crise bipolar, fase maníaca já era prenunciada.

Ainda em 2009, eu assistia a novela Páginas da Vida e via o depoimento de um soropositivo, Diretor de um Jornal no interior de São Paulo, ele falava do processo de aceitação, do quão difícil foi para se aceitar e da superação. Naquele período ele se dizia feliz e bem sucedido.

Eu pensava comigo quando poderia dizer aquilo, quando poderia falar publicamente da minha condição sem que me julgassem ou acusassem. Eu não quero mais guardar isso somente pra mim. Não é uma condição de somente me expor, mas de dizer o quanto podemos reaprender a viver e reaprender a conviver com as adversidades.

Hoje, com 26 anos, eu posso dizer com toda sinceridade o quanto sou feliz e realizado. A minha condição de soropositivo nunca impediu que eu fosse conquistando tudo aquilo que sempre almejei. Vai ser estranho para muitos no início, mas eu não quero que olhem para mim com olhar caridoso, nem sintam pena. Eu sou um vencedor, eu sou feliz. E isso não é frase de efeito, é a realidade.

Minha superação não seria possível sem o incondicional apoio de minha família, mais especificamente de minha mãe, que sempre se mostrou uma leoa e uma águia, meus amigos com quem sempre pude conversar e contar, a equipe do CIDHA de Juazeiro e a equipe de Irecê.

Eu quis contar isso, afinal, porque houve a superação, convivo bem comigo mesmo e isso é o mais importante. Ser feliz basta!

 

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