…DE VOLTA PARA CASA

Por Maciel Melo

A estrada longa, retilínea, parecendo uma boca banguela, vai me devorando pela goela desse sertão que me faz ser tão somente seu. O cheiro da terra molhada me invade, entra pelas narinas e enche os pulmões, me embriaga, me adolesce e me seduz. Estou a cento e vinte quilômetros por hora, reduzo a rotação, aciono o piloto automático e deixo os pensamentos me levarem. Ainda estou com a reverberação dos aplausos, foi divino, foi maravilhoso, foi intenso e as luzes da ribalta em tons de azuis cintilaram meu espetáculo, enchendo de cor e brilho a orquestração, alumiando minha música, me fazendo parecer um astro incandescente, raiando as palavras ao redor do sol.

Hora de voltar. O asfalto negro, frio, frívolo beijando a face dos pneus que deslizam sobre uma lâmina d’água deixada pela chuva, se faz espelho refletindo o céu nublado do interior do meu país.

“Como é bom poder tocar um instrumento…”, como é bom poder descrever em versos essa geografia tão peculiar, tão árida e tão fértil, que basta um sereno qualquer pro verde se espalhar sobre a vegetação e estampar o riso na cara do sertanejo, enchendo de esperança e de perspectivas a vida desse povo.

Viva o povo brasileiro, viva a nação nordestina, viva Luiz Gonzaga, Marinês, Jakcson do Pandeiro, Dominguinhos, um viva aos cantadores, aos poetas, aos menestréis, a todos os sanfoneiros desse universo tão vasto, tão profundo e tão nosso. Viva São João, Santo Antônio e São Pedro.

Obrigado a todos que tornaram minha turnê esplendorosa. Obrigado a Deus por permitir que eu seja tudo que fui, que sou e que serei.

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