Raul Monteiro
Não espanta a falta de compostura do ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do país, exibida nas agressões dirigidas ao jornalista Ricardo Noblat, num ambiente de festa, e provavelmente de bebida desregrada, em Brasília.
Trata-se da mesmíssima descompostura revelada pelo ministro quando decide fingir-se de morto para participar a qualquer custo do julgamento do mensalão, apesar de seus estreitíssimos e conhecidos vínculos partidários, políticos e profissionais com alguns dos réus do processo.
Professasse a ética e o respeito aos valores mais nobres da Justiça, Toffoli não aceitaria sentar-se entre os colegas com aquela cara de paisagem tão peculiar, para não usar outro termo, para tomar parte no mais importante julgamento da história política recente do país.
O mais novo ministro do STF deve estar se achando e achando que pode e pode tudo pela imaturidade e o despreparo denunciadores do favor que lhe fez o então presidente Lula ao contemplá-lo com a indicação para o cargo. Foi um prêmio e tanto, de fato.
Afinal, pelas próprias pernas – ou capacidade intelectual – Toffoli não logrou ser aprovado em dois concursos para juiz de que participou. A concorrência direta dos colegas de advocacia devia ser muito, muito forte.
No atropelo que a nomeação para o STF resultou para o seu saber jurídico, o ministro deve ter esquecido de estudar ou ler, entre outros textos, o da Lei Orgânica da Magistratura, a qual professa que o magistrado deve ter um comportamento incensurável tanto na vida pública quanto na existência privada.
Já que, para não atrapalhar o cronograma de votação, o procurador geral da República, Roberto Gurgel, preferiu não arguir a suspeição de Toffoli, legitimando sua grotesca presença no plenário do mensalão, era a hora de o Conselho Nacional de Justiça e sua brava titular, Eliana Calmon, além da Associação Brasileira de Imprensa, puxarem uma manifestação sobre esse magistrado sem compostura.