Concatenando acordes

 

Esta última sexta-feira (3), foi dia de estreias no Aldeia do Velho Chico. A programação começou cedo, quando uma diversidade de linguagens artísticas coloriu as ruas de Petrolina. À noite, as apresentações musicais a beira do São Francisco. No palco principal, depois de muito Afoxé, Maracatu, Coco e Samba de Véio o público do festival pôde apreciar o pré-lançamento do show Galhos Concatenados, primeiro produto do projeto/conceito Tio Zé Bá, uma iniciativa solo do cantor e produtor Maercio José.

Assim, em meio a manifestações da cultura popular, Maercio teve o cenário ideal para apresentação de seu novo trabalho, um diálogo potencializado entre o reggae, as tradições culturais de matrizes africanas e diversos outros estilos musicais. Amadurecido por seis anos de muito estudo e experimentação musical, o espetáculo Galhos Concatenados é composto por 20 canções. Algumas, já conhecidas pelo público do Apocalypse Reggae, ganharam nova roupagem. “Músicas iguais, com arranjos tão diferentes. Ousadia que conversa com o mundo através das memórias sensoriais”, define Maercio.

Neste trabalho imaginativo de recriação, opera o conceito de inquietação criativa Tio Zé Bá, no qual as formas e os pensamentos são sempre novos e livres. Este constante processo de descoberta e reinvenção musical, no entanto, excedeu a proposta da Banda Apocalypse Reggae, surgindo a necessidade de desmembramento. Como percebeu Juliana Kívia, espectadora do show desta sexta, os próprios nomes dos projetos nos indicam essa diferença. “Enquanto a Apocalypse está fortemente ligada ao reggae, o Tio Zé Bá, por não fazer uma referência a nenhum ritmo, tem maior liberdade para passear entre diversos estilos musicais”, conclui Juliana.

Entre as músicas inéditas, ainda em fase de finalização para o novo disco, o público desta sexta pôde apreciar Acalenta-me e Siga, As Histórias do Meu Povo e algumas instrumentais, que transportaram a Orla de Petrolina para outros lugares do planeta. Do diálogo com a musicalidade urbana, outra marca do projeto Tio Zé Bá, vem a intervenção de Hip-Hop, feita pelo b-boying Alan. Tudo isso, no entanto é só para instigar. Maercio nos avisa logo que o show completo, somente no dia do lançamento oficial do disco, que também recebe o nome Galhos Concatenados.

Quase saindo do forno, o primeiro disco do projeto Tio Zé Bá traz as preocupações com os caminhos trilhados pela humanidade, refletindo os processos de busca e autoconhecimento que perpassaram a sua construção. “Das caminhadas fui aprendendo, ganhando e perdendo. Mas, o que venho tirando como ensinamento é que não há como vivermos bem se não soubermos o que é ser um humano melhor. Montando as peças e emendando galhos, vamos aprendendo e construindo mundos, mesmo que em nossas cabeças, melhores para nós e para os nossos próximos”, explica Maercio.

Galhos emendados, acordes concatenados, à beira do São Francisco, tendo a lua como testemunha, o Tio Zé Bá, este projeto/conceito que nos inquieta a imaginação, foi lançado para o mundo. Que comece a festa Ijexá!


 

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