R.I.P DESCANSE EM PAZ

R.P.Carlos Brickmann

É difícil velar uma pessoa que ainda não morreu. É difícil velar a mãe de um partido político que, de certa forma, se transformou em religião. É difícil velar uma pessoa que, mesmo apenas por questão de parentesco com os adversários, se identificou a vida inteira como inimiga.

Mas não é difícil ser educado, comportar-se respeitosamente num momento solene, como é um funeral. Isso vale para todos: para os alucinados que querem festejar a morte de uma adversáriae para os fanáticos que se acham politizados e tentam jogar nos rivais a culpa de um acidente vascular-cerebral cujas causas, ao que se saiba, são absolutamente naturais. Ambos os grupos têm uma providência urgente a tomar: envergonhar-se do que fazem e fizeram.

Fernando Henrique, a quem Lula sempre tratou como seu maior adversário, foi abraçá-lo e dar-lhe solidariedade (como Lula fez quando morreu Ruth Cardoso, esposa de Fernando Henrique, e ele levou ao viúvo suas palavras de conforto). Michel Temer, essencial para o afastamento do PT do poder, deu seu abraço em Lula. Sarney se solidarizou com o adversário. Lula já liderou movimentos Fora Sarney, Fora FHC, Fora Temer; mas isso é política. Já abraço é solidariedade. Não é coisa de profissionais do poder, é coisa de gente.

Respeito humano: isso é o que todos devemos a Marisa Letícia Lula da Silva, a seu marido, a seus filhos, a seus adeptos. Há tempo de brigar, há tempo de comportar-se como gente. Descanse em paz, Marisa Letícia.

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