AFINAL, O REI DA SELVA É O LEÃO OU O MACACO?

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O leão é só resmungos, enfezamentos, rugidos raivosos. O dito rei da selva impotente, incapaz, perdido, sem meios de reação. O grande e temido leão pra lá e pra cá, cabisbaixo, desolado, cabeleira murcha, rabo entre as pernas. Perdendo terreno e tendo que reagir, buscar forças, reverter o quadro. Ou viria a humilhação, o descrédito, e todo um reinado posto em risco.

Tomou uma grande decisão: MATAR O DESGRAÇADO DAQUELE MACACO! COMÊ-LO DE TODAS AS MANEIRAS POSSÍVEIS!

Assim, voltaria sua auto-estima, confiança, respeito, alegria. Aquele macaco… rrrrrr! Dias contados, apostou.
Ledo engano.

O macaco desafiava vinte e cinco horas por dia o poderio leonino. Risadas, estribilhos, gritinhos rasgados, palminhas, beijins no ombro, caras e bocas, de galho em galho tirando onda, tirando ondinha. O pior eram os frutos podres que o leão recebia entre uma chacota e outra. O leão já nem dava conta, de tanta preocupação, das suas leoas. Já nem caçava, pois, passava o dia acompanhando em terra as macaquices do desafeto na esperança de um escorregão ou um galho quebrado.

Porém, pior mesmo era aguentar os desaforos. O maldito macaco o chamava de fraco, derrubado, fedorento, decadente e, agora deu, corno e viado. E na presença de todos os animais. Era o fim da picada, humilhação demais para um rei.

Investigou o Pan Paniscu e descobriu que aos sábados o insuportável ia ao povoado fazer peripécias, contar piadas, jogar baralho, vender bananas e tomar cachaça. Muita cachaça. E macaquear. Armou o plano: ficaria de olho no peludo durante todo o sábado.

Num sábado o macaco acordou, espreguiçou-se no galho, bocejou, comeu coco e bananas, mandou-se pro seu reggae sabatino. O leão de olho. O macaco parava de bar em bar, cafua em cafua, quiosques, salão de beleza, brinque. E tome pinga. O leão de olho. Arretado, com fome, cansado. Na chegada da noite o macaco volta feliz pululando, cantarolando suas melodias preferidas de impropério ao leão. O leão inchando cada vez mais e mais. O macaco, pra acabar de lascar no meio, ainda demorou macaqueando umas três macacas. Era demais. E ele, o grandioso, nada de leoas. Enfim, o macaco voltou ao doce lar. Bêbado, dormia que roncava, bucho subindo, bucho descendo, assovio no meio.

O leão presumiu comemoração, o plano estava dando certo. Quando o macaco tiver em sono alcoólico profundo, balanço a árvore e ele cai diretinho nas minhas patas.Desmoralizo-o e fico em paz com o meu reinado.

O leão caminha em direção à árvore e, psit! , pisa em folhas secas. Estalos. O macaco acorda e inicia-se um diálogo memorável.
Macaco – Quem tá aí embaixo? É um leão ou é uma tiriricaçu?
Leão – com voz fininha – É uma tiiriricaçu!
Macaco – Além de bicha e corno também é idiota, leão! Quem já se viu animal com nome de tiriricaçu!
O leão chorou e toda a selva escutou.
O PODER NEM SEMPRE É DOS MAIS FORTES!
PODE-SE VENCER O MEDO COM A ALEGRIA.

Otoniel Gondim – Professor, Escritor e Compositor.

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