PROPOSTA PARA O PT EM PETROLINA: CONSTRUIR UMA AGENDA PÚBLICA E EXPLICAR À SOCIEDADE PARA QUÊ E A QUEM SERVE

*Gilmar Santosblogqsp.Estrela-PT

A onda antipetista que presenciamos em todo o Brasil é reflexo de uma tradição política forjada historicamente na dominação patrimonialista, autoritária e opressora que marca quase toda história da sociedade brasileira. É verdade, no entanto, que os partidos ditos democráticos ou libertários quando se aliam ou se submetem aos setores conservadores para alcançar espaços de poder, incorrem no risco de revitalizarem a antiga opressão e criarem espaços para novas monstruosidades políticas, isso quando não a reproduzem no seu próprio habitat.

Com o PT em Petrolina poderia ser diferente, mas não é. Semelhante a diversas cidades do interior do país, especialmente no Nordeste, Petrolina é dominada por uma tradição oligárquica, onde “coronéis” usaram e abusaram de recursos públicos para engordar empresas da família ou de confrades sob o pretexto de certa modernização, em que poucos são saciados e a maioria da população é sacrificada com a negligência de serviços básicos.

O município ficou refém dos mandos de uma única família e correligionários, gente que apoiou e se beneficiou de governos autoritários, lideranças que sempre estiveram em partidos de caciques, fisiológicos e antidemocráticos, que aqui acolá fazem cenas de intrigas e rupturas para fingirem a defesa do interesse popular, políticos que, atualmente, promovem seus filhos ao que poderíamos classificar de “mandonismo playboy”.

Em décadas, o Município se modificou, cresceu, mas não se desenvolveu com garantias e ampliação de direitos sociais para a maioria da população pobre e segue administrado por uma lógica privatista, patrocinada por velhos e novos ilusionistas. Grande prova disso é a gestão Júlio Lóssio, temos mais moradias por meio do Programa Minha Casa Minha Vida, mais “creches” com o programa Nova Semente, sem que saúde, transporte, cultura, saneamento, segurança e cidadania cresçam na mesma proporção.

Nesse percurso, o PT se apresentou enquanto alternativa de mudança, com importantes contribuições à sociedade petrolinense. Mas o Partido que congregava militantes e debatedores aguerridos das políticas públicas foram se transformando ao longo de duas décadas, em um grupo de parentes das principais lideranças e filiados oportunistas que visam planejar campanhas eleitorais a cada dois anos e barganhar cargos em espaços institucionais. Os nossos parlamentares em quase nada se diferem dos políticos que se acomodam ao carreirismo parlamentar, e quanto aos projetos e programas que possam mudar a triste realidade de Petrolina, ficam inviabilizados pelo pragmatismo das “negociações”.

Em tal cenário, a ampliação da bancada petista ou é inviabilizada ou ocorre precariamente. Na ausência de serviços e políticas públicas de qualidade para a população entram em cena os corruptos, corruptores e “salvadores” dos desvalidos, são políticos e cabos eleitorais especializados em tirarem proveito da miséria do povo, alguns têm forte apoio de “profissionais” da imprensa, viciados em notícias sensacionalistas, dinheiro fácil e mau gosto.

Diante de todas essas debilidades, o que faz ou propõe o PT? Qual sua agenda pública? O que os vereadores e o deputado estadual do partido debatem ou têm combatido? As suas práticas ajudam a manter as coisas como sempre estiveram, piora ou sinaliza alguma mudança efetiva? Há poucos dias, o deputado Odacy Amorim (PT) estava com um caminhão transformado em espaço para consultas médicas e oferta de diversos serviços para a população, o lançamento aconteceu no bairro José e Maria. Sabe-se que, vergonhosamente, outros políticos da região atuam dessa forma para manipular o povo e ampliar vantagens eleitorais.

É com essa prática que o PT pretende mudar a realidade de Petrolina? É com esse possível candidato que o PT vai fazer diferente? Essa é a resposta do PT em Petrolina a atual crise que compromete profundamente o partido? Na última reunião ordinária, parte desses questionamentos foi apresentada ao Diretório Municipal e a proposta para construção de uma agenda pública em vista de debates sobre o projeto e programas do partido para o município foram sugeridos, já que até o momento as grandes preocupações da maioria partidária (e quase que exclusiva) são as alianças e a composição da lista de vereadores, isso para dá suporte ao possível candidato a prefeito que, sequer, sabemos o que pensa sobre o próprio petismo.

Petrolina merece outra história.

*Gilmar Santos é professor de História e militante do PT.

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