Gonzaga Patriota declara estar descontente com o tratamento recebido do governo

Com novos focos de rebelião na base aliada, a presidente Dilma Rousseff decidiu suspender temporariamente os encontros semanais com as bancadas das legendas que a apóiam no Congresso.

As reuniões tinham sido prometidas pela presidente em fevereiro ao conselho político do governo, que reúne líderes e presidentes dos partidos aliados.

A decisão de ampliar o diálogo foi interpretada como um sinal de que Dilma pretendia estar mais presente nas articulações políticas.

Agora, a suspensão das reuniões sinaliza que o governo não cederá, ao menos imediatamente, aos pedidos dos aliados descontentes.

Há pelo menos duas semanas, Dilma passa por embates com os congressistas aliados. Primeiro, teve que se reunir com o vice-presidente Michel Temer depois que 54 dos 78 deputados do PMDB assinaram um manifesto reclamando da relação com o governo e da proeminência do PT nos cargos de primeiro escalão.

Em seguida, a presidente sofreu sua derrota no Congresso ao ver rejeitada no Senado a recondução de um técnico de sua confiança, Bernardo Figueiredo para a direção-geral da ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres). Após a derrota e o manifesto, Dilma decidiu trocar seus líderes no Congresso, o que gerou novos descontentamentos pela forma e pelas escolhas feitas.

O coordenador da Bancada nordestina no Congresso, deputado Gonzaga Patriota (PSB/PE) disse que “Dilma tem que tomar cuidado, porque a relação dela com o Congresso está igual a do Collor”. Ele lembrou que um dos motivos que levaram ao impeachment do ex-presidente foi seu desprezo pelos congressistas.

A Bancada do Nordeste, que reúne 153 deputados, também está descontente com o tratamento recebido do governo, mas reivindica especificamente a renegociação das dívidas de produtores rurais nos Estados da região e a suspensão imediata das execuções dos débitos promovidas pelos Bancos do Brasil e do Nordeste.

Patriota ameaçou “votar contra o governo até resolver essa situação”. Ele pretende levar na próxima quinta-feira (22) um ofício reivindicatório sobre as dívidas agrárias da região a Dilma.

Apesar das seguidas e visíveis ações dos aliados contra o governo, que não tem garantia de vitória nas matérias que devem ser votadas nesta semana no Congresso, a presidente Dilma Rousseff considera que não há uma crise na base aliada. Para ela, há problemas com as mudanças nas lideranças congressistas e, com o tempo, os aliados se acalmarão.

A negação da crise pode se tornar algo ainda mais perigoso para a presidente, já que a pressão dos partidos aliados continua crescendo e não houve respostas claras às reivindicações.

(Ascom Dep. Gonzaga)

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