REFLEXÃO SOBRE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

*Andréa Leal Barros de Melo

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O estabelecimento de uma data oficial em homenagem às mulheres remonta ao contexto da Primeira Guerra Mundial e Segunda Revolução Industrial, no início do século 20, decorrente da luta feminina por melhores condições de trabalho na indústria. A primeira instituição de data ocorreu no dia 28 de fevereiro nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América.

O dia foi marcado por protestos contra as precárias condições de trabalho, salários desproporcionais entre trabalhadores do sexo masculino e feminino, carga horária desumana, péssimas condições de segurança e salubridade nas indústrias. Posteriormente, foi adotado o dia 8 de março pelas Nações Unidas como dia da causa e homenagem à luta feminina.

Entretanto, cabe frisar que para grande parcela da sociedade ocidental a data está relacionada ao dia 25 de Março de 1911, no qual ocorreu a tragédia mundialmente conhecida ̶ o incêndio da fábrica têxtil “Triangle Shirtwaist” em Nova York ̶ , resultante na morte de cerca de 130 operárias que ficaram presas no local tendo sido pisoteadas e carbonizadas, além das que se atiraram pelas janelas do edifício.

O fato ocorreu logo após terem protestado por igualdade de direitos trabalhistas em relação aos homens, não havendo consenso quanto ao incêndio ter sido acidental ou proposital. De qualquer forma esse triste evento tornou-se um inesquecível marco na trajetória da luta feminina, movimento que se intensificou no final do século 19 e que permanece até os dias de hoje…

Inobstante, o propósito desse artigo não é expor a linha historiográfica do movimento feminista, mas propor a reflexão do papel da sociedade na percepção do valor da mulher, muito além de uma simples data comemorativa.

Hoje venho prestar uma singela homenagem a todas as mulheres, convocando-as a refletir sobre a contribuição que precisam empreender no processo de se fazerem mais valorizadas e reconhecidas.

Em especial almejo felicitar as mulheres brasileiras de destaque dentro do movimento feminista, como: Maria Amélia, Nísia Floresta, Bertha Luz, Jerônima Mesquita, Carlota Pereira, Rosa Luxemburgo, Maria da Penha, entre tantos nomes memoráveis.

É certo que sem suas intervenções o avanço rumo à igualdade não teria ocorrido. Sobretudo, destaco o papel daquelas que mesmo sem se tornarem conhecidas, fizeram e fazem a diferença onde estiverem, desempenhando exaustivamente papéis e faces diversas do “ser mulher”, seja na família, na sociedade, no trabalho ou na política.

Essas que guerreiam incansavelmente por seus direitos, pois percebem que a luta pela igualdade requer batalhas diárias, até que finalmente, seja uma realidade em todos os âmbitos e contextos. Homenageio em especial a mulher nordestina, a sertaneja valente, que até mesmo pelas circunstâncias ambientais em que está inserida, sabe bem o que é ser guerreira.

As donas de casa, mães, rendeiras, cozinheiras, feirantes, empresárias, profissionais da educação e a saúde, autônomas, domésticas, assalariadas em geral, professoras, servidoras públicas, jornalistas, artistas e estudantes, – por elas e com elas – hoje convido você a refletir também sobre o dia 08 de março, não como mais um dia no calendário de movimentação mercadológica.

Anseio que cada membro da nossa sociedade, a qual anela pela realização do ideal de justiça, não necessite de datas para relembrar a necessidade de valorizar seu semelhante.

*Andréa Leal Barros de Melo Graduanda em História pela Universidade de Pernambuco, Servidora da Universidade Federal do Vale do São Francisco e acima de tudo, Mulher

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