Homens e mulheres trajando vestimentas da moda africana desfilavam pelo saguão do Centro de Cultura João Gilberto na noite da última quarta-feira (12), em Juazeiro. Com turbantes na cabeça, modelos desfilavam com orgulho mostrando a riqueza da moda afro. Este foi o cenário que o público encontrou antes da abertura do I Fórum de Diagnóstico para o Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
Realizado pela Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Desenvolvimento e Igualdade Social e em parceria com as secretarias de Cultura e Juventude e de Educação e Esportes (SECJU e SEDUC), e com o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – COMPIR, o evento contou com a participação de diversas entidades da sociedade civil, do Prefeito Isaac Carvalho, do vice-prefeito Francisco Oliveira, do deputado eleito Crisóstomo Lima (Zó), de vereadores, assessores e secretários municipais.
O Fórum de Diagnóstico para o Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial faz parte do projeto Novembro Negro, que existe desde o ano passado e surgiu da ideia de fomentar um espaço legítimo de discussões, de onde pudessem sair encaminhamentos legítimos. “A gente tem que fugir do mito de que consciência negra se comemora em apenas um dia. Consciência negra a gente celebra e desde o mês de setembro estamos realizando discussões nas escolas e universidades sobre o tema. O ponto alto desse novembro negro foi a articulação e parceria entre as instituições. E neste ano todas essas instituições, incluindo algumas manifestações religiosas como os povos de terreiro, estarão no calendário”, explicou a gerente de Diversidade, Luana Pereira.
O Fórum teve início com a apresentação do Samba de Lata de Tijuaçu. Descendentes de quilombolas, mulheres e crianças que compõem o grupo cantaram e dançaram ao ritmo contagiante da batidas das latas. Uma cena que arrancou aplausos da plateia. Em seguida foi formada a mesa para inicio das discussões e palestras, que teve inicio com o tema “Política de Promoção de Igualdade Racial”, proferida pelo coordenador da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Caruso Costa.
A Diretora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia, em Juazeiro, a jornalista Márcia Guena, também participou do evento. “Juazeiro é uma cidade que tem pouca identidade negra, apesar de ter uma população negra predominante. Há questões da negritude que estão muito aquém do que a população negra precisa e merece. E esse Fórum deve servir para que possamos levantar essas questões”, enfatiza Márcia.
Respondendo pela pasta da SEDIS, a secretária Célia Regina lembrou que discutir políticas públicas para as minorias sempre foi uma prioridade para o prefeito Isaac Carvalho. “A gente sente que o governo tem crescido nesse sentido, está discutindo e incluindo, interagindo com a sociedade. Estamos fazendo o que esse governo prometeu para a população. Isso marca a história de Juazeiro neste momento em que a sociedade civil nos ajuda, nos direciona para qual caminho seguir. Ser governo ouvindo a população é um grande avanço”, reconheceu.
O secretário de Cultura e Juventude, Donizete Menezes, também falou sobre o evento. “Entendemos que a sociedade precisa se sensibilizar de que o combate ao racismo e as políticas voltadas para a negritude não devem acontecer de forma isolada e esporadicamente. Nós estamos dialogando com segmentos específicos para poder abranger ações culturais nesse segmento”.
Uma das personalidades mais respeitadas no evento era a representante do Terreiro Ilê Axé Iran Unidancom, dona Edna Rosa. “Estou muito feliz por isso tudo. É de grande importância, principalmente para nós dos povos de terreiro, que haja um evento como esse, que trate de assuntos que nós, negros, precisamos. E eu estou aqui em prol de todos os meus irmãos negros. Esse Fórum vem nos fortalecer bastante, só assim vão saber que nós existimos, que nossa luta já vem de longas datas. Eu sabia que esse dia ia chegar e chegou”, disse emocionada.
O prefeito Isaac fechou a solenidade agradecendo a presença de todos e ressaltando o compromisso da gestão com as políticas voltadas para a inclusão das minorias. “Nós criamos essa gerência justamente para dar uma atenção diferenciada às pessoas que de fato precisam de um olhar mais especial. É preciso realizar fóruns participativos como este para que possamos debater, expor ideias, sugestões e mostrar para a sociedade que precisamos cuidar melhor de nossa população negra, de seus costumes, de sua cultura. Esse é o propósito, de provocar a sociedade para que todos possamos trabalhar em conjunto”, concluiu Isaac.