Figura das mais importantes na música brasileira, o compositor, instrumentista e maestro pernambucano Moacir Santos (1926-2006) é homenageado na segunda edição do Festival Moacir Santos. O evento acontece no Recife, nos dias 13 e 14 de agosto, com shows com músicos brasileiros e estrangeiros no Teatro de Santa Isabel e oficina no Conservatório Pernambucano de Música. Também está sendo lançado um livro sobre a vida e obra do maestro Moacir Santos.
Esta é a segunda edição do Festival Moacir Santos, que começou no Recife, no ano passado, e este ano foi ampliado, acontecendo em mais duas cidades. Antes das apresentações no Recife, o Festival Moacir Santos passa pelo Rio de Janeiro (6 a 9 de agosto) e Brasília (10 e 11 de agosto).
No festival, será lançado o livro Moacir Santos, ou os caminhos de um músico brasileiro (Editora Folha Seca), fruto da tese de dourado da flautista Andrea Ernest Dias na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O livro recupera a trajetória do compositor dosando biografia e a análise musical.
Entre as atrações, Hubert Laws, um dos principais flautistas do jazz americano em todos os tempos. Hubert Laws terá como convidados o contrabaixista John Leftwich, de Los Angeles, e os brasileiros Ricardo Silveira (guitarra) e Kiko Freitas (bateria).
Também entre as atrações oTrio 3-63, formado pela flautista Andrea Ernest Dias, pelo pianista Paulo Braga e pelo percussionista Marcos Suzano.Em seu novo CD, Muacy (Sambatown, 2014), que sai agora no final de agosto, o Trio 3-63 presta uma homenagem ao maestro Moacir Santos. Muacyé uma corruptela do nome de Moacir Santos, como consta em seu registro de batismo. O repertório do show traz clássicos do compositor como Paraíso e Coisa no1 e pérolas inéditas como o mojoThe Beautiful Life, a balada Love Go Down e Sambatango, descobertas durante a pesquisa de doutorado realizada por Andrea no acervo de Moacir Santos, na Califórnia. O Trio 3-63 apresenta também músicas de Radamés Gnattali e Guerra-Peixe, de quem Moacir foi discípulo, mostrando a ligação do maestro com o universo da composição erudita.
A concepção e direção artísticado Festival Moacir Santos são da flautista Andrea Ernest Dias, autora do livroMoacir Santos, ou os caminhos de um músico brasileira, que assina também a curadoria dos shows em parceria com o pianista Paulo Braga.O festival tem o patrocínio do BNDES e do Banco do Brasil.
Sobre Moacir Santos (Flores-1926 * Pasadena-2006) – A obra do compositor, instrumentista e maestro brasileiro Moacir Santos, nascido no Alto Sertão Pernambucano, é reconhecida como uma das mais ricas e originais da música brasileira. Na infância, Moacir tocava nas bandas do sertão. Depois de percorrer diversas cidades e capitais do Nordeste, chegou ao Rio de Janeiro no fim da década de 1940, onde trabalhou na Rádio Nacional. Foi contratado inicialmente como saxofonista, mas pouco depois tornou-se maestro, passando a integrar um time de profissionais do gabarito de Radamés Gnattali e LyrioPanicalli. No auge da bossa nova, foi professor de personagens fundamentais da música popular brasileira, como Baden Powell, Paulo Moura, João Donato, Sergio Mendes e Nara Leão.
Na década de 60, compôs trilhas sonoras para o cinema novo (Ganga Zumba, O Beijo, Os Fuzis e Seara Vermelha) e lançou o seminal LP Coisas. Sua música de maior sucesso, Nanã, foi gravada em centenas de interpretações e é tocada no mundo todo. Em quarenta anos de vida nos Estados Unidos, onde foi morar em 1967 após a ótima repercussão da trilha sonora composta para a produção hollywoodiana Amor no Pacífico, Moacir Santos consolidou sua reputação como compositor e professor. Lançou quatro LPs autorais, três deles pela renomada gravadora Blue Note, e passou a ter seu nome associado a grandes expoentes do jazz, como Horace Silver, Joe Pass, J.J.Jonhson, Frank Rossolino, Gary Foster e Clare Fischer.