A Coordenadora do Projeto Aedes Transgênico (PAT), a Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), Margareth Capurro, visita a Moscamed entre os dias 28 a 30 de maio. A pesquisadora vai apresentar um balanço preliminar do trabalho em Jacobina, região norte da Bahia, onde o PAT é desenvolvido.
Durante a visita por Juazeiro, Capurro realizará uma reunião com a equipe técnica do programa para a vistoria da produção e da equipe de comunicação. Outra pauta a ser analisada é o cronograma de liberação de Jacobina. Atualmente, três bairros da área urbana do município são contemplados: Catuaba, Pedra Branca e Jacobina II, com um total de 7.164 pessoas beneficiadas.
A estimativa de produção dos Aedes transgênico para a liberação nas localidades é de 1 milhão por semana. Até a conclusão do projeto cerca de 50 mil moradores, que residem na cidade, serão favorecidos.
A coordenadora explica que “a liberação nos bairros ocorre de forma gradual e a produção dos mosquitos é planejada de acordo com essa necessidade”. O resultado mais recente é do bairro Pedra Branca, o primeiro a receber os mosquitos transgênicos em junho de 2013, onde houve uma redução de 92% no número de ovos do Aedes aegypti, seis meses após as liberações.
Contente com os resultados positivos do PAT e a receptividade dos jacobinenses a cientista declara que o momento é de comemoração “Estamos entusiasmados porque o projeto apresentou resultados positivos desde a fase de teste, e agora em desenvolvimento, continua cumprindo com seu objetivo que é a supressão da população dos mosquitos Aedes aegypti. Além disso, o programa é visto com bons olhos pela comunidade”, declara Capurro.
A boa relação com a comunidade se dá porque para fazer as liberações o PAT desenvolve trabalhos de comunicação itinerante, por meio de palestras em escolas, reuniões com os agentes de endemias, de saúde e com os líderes dos bairros. Ocorre também a entrega de panfletos e a presença de uma equipe técnica do projeto nas ruas, para esclarecer as dúvidas dos moradores. O diálogo com a comunidade funciona antes e durante o período de soltura dos mosquitos.
De acordo com a coordenadora, o envolvimento com os moradores faz parte do projeto e é um processo indispensável. “A participação da população é muito importante para que o projeto tenha um bom resultado. Por isso que a conversa com ela é frequente e associada às liberações”, declara Capurro. Ela acrescenta ainda que “A equipe do PAT segue com responsabilidade, transparência e a certeza de aplicar uma das melhores técnicas em prol da saúde humana”.
O Projeto Aedes transgênico
O projeto utiliza o mosquito transgênico -linhagem OX513A- desenvolvido pela empresa inglesa Oxitec Limited, com o objetivo de combater o mosquito transmissor do vírus da dengue. O efeito ocorre quando o mosquito transgênico macho, que carrega um gene mortal, é liberado no ambiente. Ao cruzar com a fêmea criada na sociedade (natural), este gene é transmitido à sua prole que morre antes de atingir a fase adulta. Desta forma, com as frequentes liberações é esperada a redução e o controle populacional dos Aedes aegypti.
Juazeiro, na região norte da Bahia, foi a cidade escolhida para a realização do projeto em sua fase de teste. Após três anos de funcionamento o PAT confirmou a eficácia na supressão populacional do mosquito Aedes aegypti, com os seguintes resultados: na comunidade do bairro Itaberaba foi constatada a redução de 85% do número de ovos do mosquito transmissor do vírus da dengue e no projeto Mandacaru a redução chegou a 95%, com uma estimativa de 9 mil habitantes beneficiados, nas duas localidades.
A partir dos resultados positivos de Juazeiro a Secretaria Estadual de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), solicitou a implantação do PAT em Jacobina, que estava entre as cidades baianas com maior índice de infestação do Aedes aegypti. O projeto foi iniciado em janeiro de 2013 e contemplará a área urbana de Jacobina.