O que é que eu estou fazendo aqui?

 

Carlos Humberto

É deveras lamentável assistir a cobertura dada por parte da mídia ao conturbado processo eleitoral do Juazeiro Social Clube. Talvez por despreparo ou até mesmo por má intenção, levam aos seus ouvintes e leitores uma enxurrada de informações que não informam nada. As notícias deixaram de ser questionadas, não se ouve o contraditório, não investigam as fontes, não fazem as perguntas que deveriam ser feitas e, num passe de mágica, criam vilões e heróis.
De forma objetiva, o que aconteceu é fácil de entender: o nome de Antonio Barbosa foi ungido das urnas por um colégio eleitoral cujo mandato terminara em dezembro de 2010, portanto, eleitores fantasmas que não poderiam votar. Por consequência, a eleição não poderia ter acontecido. Antes, o edital de convocação, equivocado, convocava os conselheiros para a eleição da diretoria administrativa, quando antes teria de eleger o Conselho Deliberativo e esse, por sua vez, elegeria o Conselho Fiscal e a diretoria administrativa – presidente e vice.
Registre-se que o pedido de nulidade das eleições feito à Federação pelo cidadão Josival Barbosa foi por questionar o edital e não o Colégio Eleitoral que naquele momento, com absoluta certeza, nem ele nem a maioria dos pobres mortais sabiam da irregularidade.
Legalmente a Federação não pode interferir na política interna de seus filiados. Pode, sim, não aceitar documentos que não estejam em conformidade com a legislação vigente, o que ocorreu.
Ao assistir a saga de Antonio Barbosa em busca do reconhecimento e validade de sua vitória nas urnas e a consequente elevação ao cargo, não posso, como seu amigo, deixar de também, me sentir constrangido. A cena que o retrata sentado solitário numa cadeira à margem da mesa principal onde realizava-se a reunião do Conselho Técnico do Campeonato Baiano na última sexta-feira em Salvador, poderia ser evitada. Foi deveras embaraçoso e ele poderia muito bem não ter passado por isso. Baé é um cidadão de bem e profissional competente em sua área, ninguém pensa o contrário. Mas daí a transformá-lo numa vítima de preconceito vai um abismo imenso. Explorar isso demonstra o total desconhecimento dos fatos.
Mesmo os mais experientes, em algum momento, talvez mal conduzido, tenha se perguntado: o que é que eu estou fazendo aqui? Tenho o palpite que era isso que Baé queria saber.


 

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