Abate irregular sobe 44% na Bahia de 2007 a 2010

A Associação de Frigoríficos do Nordeste (AFIN) denuncia que a falta de fiscalização no processo de abates de bovinos está comprometendo a eficiência dos frigoríficos inspecionados na Bahia. Levantamento do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia (Sincar) mostra que, embora o número de unidades de abate de bovinos sob fiscalização tenha aumentado de 21 para 25 entre 2007 e 2010, o volume de animais abatidos irregularmente no período aumentou cerca de 44%.

Em 2007, o Estado contava com 1,6 milhões de bovinos disponíveis para abate. Destes, 42,2%, ou 680 mil cabeças, foram para abatedouros irregulares. A taxa de ociosidade das 21 plantas inspecionadas ficou em 29,8%.

No ano passado, 45,6% dos 2,14 milhões de bovinos abatidos, o equivalente a 977 mil animais, foram mortos irregularmente, e a taxa de ociosidade subiu para 48,8%, com 25 plantas inspecionadas. “Se houvesse mais fiscalização, todas as plantas instaladas na Bahia poderiam atender plenamente à demanda”, afirma Alex Bastos, diretor executivo da AFIN e um dos responsáveis pela elaboração do relatório do Sincar. A capacidade para abate das plantas do Estado é de  2,3 milhões de bovinos,

Relatório do Sincar revela que, entre 2007 e 2010, 20 das 25 plantas de abate bovinos no Estado apresentaram redução na capacidade de produção. Duas plantas mantiveram a estabilidade e apenas três registraram aumento na produção. “Ainda assim, não existe um frigorífico sequer que abata 500 bois por dia por aqui”, diz Bastos.

De acordo com Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), o cálculo do Sincar é equivocado. “O abate clandestino na Bahia atualmente encontra-se entre 35% e 40% da produção do Estado”, afirma Paulo Emilio Torres, diretor-geral da Adab.

Uma parceria entre a instituição e o Ministério Público Estadual resultou na interdição de mais de 200 matadouros clandestinos nos últimos 10 anos. “Agora, contamos também com o apoio das polícias Militar, Civil e Rodoviária, além de outros órgãos, e já foram apreendidas 33,5 toneladas de carnes produzidas em condições irregulares este ano”, diz Torres.

Na Bahia, onde está o maior rebanho bovino do Nordeste, o abate em condições precárias de higiene ainda é comum. Em algumas regiões, os consumidores, sobretudo nas feiras livres, optam pela chamada “carne quente”, ou não refrigerada. Para coibir este tipo de consumo, que representa um grande perigo à saúde pública, a Adab realiza campanhas educativas. “No ano passado foram mobilizadas 25 mil pessoas em todo Estado”, aponta o diretor geral da Adab.

(Portal BDO)

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