Vai começar o suplício nos aeroportos

 

Paralisação do setor aéreo deve acontecer amanhã (23) , antevéspera do Natal

Adriana Vasconcelos e Geralda Doca, em O Globo

Neste dia, às 5h, estão programadas assembleias em várias capitais, principalmente no Rio (em frente ao aeroporto Santos Dumont) e em São Paulo (Guarulhos e Congonhas), onde os funcionários do setor aéreo estão mais mobilizados. A categoria promete ao menos uma operação-padrão, o que deverá gerar atrasos em cascata nas principais rotas.

A possibilidade de crise aérea fez com que a presidente eleita, Dilma Rousseff, desistisse de tirar o comando dos aeroportos da Defesa e repassasse para a Secretaria de Portos, criando a secretaria de Portos e Aeroportos. Só depois ela vai avaliar a conveniência de criar a pasta de Aeroportos.

Estão programados para o dia 23 entre 480 mil e 500 mil embarques e desembarques, com pelo menos 240 mil passageiros circulando entre os principais aeroportos do país.

Para evitar quebra-quebra nos aeroportos, caso a greve se confirme, o Ministério da Defesa enviou ofício aos governadores, solicitando reforço na segurança. A recomendação é que a Infraero também reforce sua equipe.

Os atrasos de voos vêm crescendo desde o fim de semana. Nesta terça-feira, depois de ter atingido 16,5% às 12h, o percentual de voos com destinos domésticos que decolaram mais de 30 minutos após o horário previsto chegou a 23,8% às 20h – atingiu 528 dos 2.220 voos programados. Outros 150 foram cancelados.

Os problemas foram maiores com a Webjet, que atrasou 29,5% das suas rotas, seguida por TAM (27,8%) e Gol (25,2%). Das 154 partidas internacionais previstas, 38 saíram fora do horário (24,7%). Na TAM, o percentual foi de 46,9% (das 32 programadas, 15 atrasaram).

Os pedidos de reforço de segurança da Defesa foram encaminhados na sexta-feira pela pasta, diante do temor das consequências da paralisação no dia de maior movimento nos aeroportos na semana de Natal. A própria intervenção do Ministério Público no conflito foi a pedido da Defesa.

Porém, durante o encontro realizado ontem em Brasília, representantes da classe trabalhadora recusaram a proposta de reajuste de 6,5% (cerca de meio ponto percentual acima da inflação) feita pelas empresas. A proposta anterior era de 6,08%. A categoria insiste em 13% (com ganho real) para aeroviários (trabalhadores de solo) e aeronautas (pilotos e comissários).

Ao tomar conhecimento do resultado da reunião, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, convocou uma reunião com o presidente da Infraero, Murilo Barboza, e a secretária de Aviação Civil, Fabiana Todesco.

Eles ainda avaliavam a situação às 21h [de ontem], para ver o que poderia ser feito para evitar a greve, como por exemplo convocar uma reunião com as companhias aéreas. Ao fim do encontro com os trabalhadores, elas diziam não acreditar na greve.

– Não acreditamos que vai haver paralisação. Não há o menor cabimento em fazer uma greve no dia 23 de dezembro por tudo o que o Natal significa para a sociedade brasileira – afirmou Odilon Junqueira, negociador por parte das companhias.

– O que as empresas fizeram (proposta de 6,5%) foi uma provocação. Vamos convocar os trabalhadores para a greve durante todo o dia 23. Ainda que não haja greve, o trabalhador vai, no mínimo, atrasar os voos – rebateu Marcelo Schimidt, secretário-geral do Sindicato dos Aeronautas.

Órgão regulador do setor aéreo, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi convidada a participar da reunião de conciliação, mas não enviou representante. Alegou que a negociação sindical não é de sua competência.

A Anac também não tem plano especial de contingência para a greve – as soluções terão que ser oferecidas pelas companhias aéreas.

 

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