Operação Voucher agora vai mirar o Congresso

Investigações do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) nos estados estão concentradas agora nas emendas parlamentares destinadas aos cursos de qualificação com dinheiro do Ministério do Turismo, como informa o Correio Braziliense. A Operação Voucher, deflagrada pela Polícia Federal há duas semanas, revelou um esquema montado dentro da pasta, comandada hoje por Pedro Novais (PMDB-MA), para fraudar convênios nessa área. A cúpula do Turismo foi parar atrás das grades. Entre eles, o ex-secretário-executivo Frederico Silva da Costa e a diretora de qualificação, Regina Cavalcante. Em 2011, 30 parlamentares apresentaram emendas para ONGs oferecerem cursos de qualificação – três vezes mais do que em 2008, quando apenas 10 deputados optaram por investir recursos em educação profissionalizante. O salto no valor das propostas despertou a atenção dos procuradores da República, que começaram na última semana a rastrear os recursos federais. Segundo dados do Orçamento, passou de R$ 44 milhões em 2009 para R$ 77 milhões este ano – um aumento de 75%, sendo que o maior valor foi destinado pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (R$ 33,7 milhões). No ano anterior, a mesma comissão repassou apenas R$ 400 mil para o programa de capacitação do ministério. A justificativa dos parlamentares para o crescimento da verba direcionada para a rubrica é a proximidade dos grandes eventos esportivos (Copa 2014 e Olimpíadas 2016) e a necessidade de profissionalização dos serviços. No entanto, alguns dos cursos estão sendo direcionados para municípios e estados, como o Amapá, alvo da operação, que não apresentam vocação turística e nem fluxo crescente de turistas. As entidades beneficiadas também não têm condições técnicas de executar os serviços. Em Pernambuco, a bancada estadual destinou R$ 40 milhões para o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional (IPDI). Parte da verba já começou a ser liberada. De acordo com o Portal da Transparência, quase R$ 4 milhões foram repassados à ONG, que deverá capacitar 50 mil pessoas em municípios do interior pernambucano. No estado, outra entidade beneficiada pelos deputados é o Instituto Latino Americano de Tecnologia (Ilatec), com sede na Madalena, um bairro de Recife. Não foram só parlamentares pernambucanos que mandaram dinheiro para a ONG do empresário Eduardo de Magalhães Melo. Os mineiros Carlos Willian (PTC) e João Magalhães (PMDB) repassaram R$ 3 milhões, somados, para o Ilatec.

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