Será lançada em juazeiro a campanha permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida


Por que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo? Existem alternativas ao modelo agrícola baseado no uso de agrovenenos nas lavouras do Vale do São Francisco? Até quando teremos de engolir, diluídos nos alimentos, 5 litros de veneno por ano? Questionamentos como esses impulsionam mais de 20 entidades locais – movimentos sociais, associações, entidades estudantis e organizações não-governamentais – a lançar a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, na próxima sexta-feira (29), às 9h30, na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), em Juazeiro. A iniciativa pretende fortalecer a atuação do Comitê Regional da Campanha, ampliando o debate sobre os impactos dos venenos na saúde dos/as trabalhadores e trabalhadoras, das comunidades rurais e consumidores/as, além de denunciar a falta de fiscalização no uso, consumo e venda de agrotóxicos. “O uso dos venenos nas lavouras aqui no Vale do São Francisco se tornou uma prática comum, mas está ficando insustentável pela resistência das “pragas”. Na fruticultura, cada vez mais se aumenta a dosagem dos venenos. E, quanto mais veneno se aplica, mais aparecem doenças e óbitos sem explicação das causas”, afirma Jozelita Tavares, Coordenadora Regional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola, mais de um milhão de toneladas (o equivalente a mais de 1 bilhão de litros) de venenos foram jogadas nas lavouras em 2009, consagrando o Brasil com o vergonhoso título de campeão mundial no consumo de agrotóxicos. Essa tendência acompanha o avanço do agronegócio, um modelo de produção agrícola que concentra terra e utiliza grande quantidade de venenos para garantir a produção em escala industrial. A campanha anuncia a possibilidade de construção de um modelo agrícola diferente, baseado na agricultura camponesa e agroecológica. Segundo Cléber Folgado, coordenador nacional da Campanha, “produzir alimentos saudáveis com base em princípios agroecológicos, em pequenas propriedades, com respeito à natureza e aos trabalhadores é a única forma de acabar com a fome e de garantir qualidade de vida para as atuais e futuras gerações, rompendo com o modelo que concentra riquezas, expulsa a população do campo e produz pobreza e envenenamento”. Além das falas de representantes das entidades locais que compõem o Comitê, o lançamento será mediado pelas intervenções de Cléber Folgado, da secretaria operativa nacional, e Domingos Rocha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Agrícolas, Agroindustriais e Agropecuárias dos municípios de Juazeiro, Curaçá, Casa Nova, Sobradinho e Sento Sé (SINTAGRO).


Por Luís Osete – Rede Educomunicadores Populares da Bacia do São Francisco.

 

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