DONA ZEFA DO COELHO SERÁ SEMPRE A DAMA DO CONGO E A ETERNA LÍDER DO SEU POVO

blogqsp.dona zefa do coelhoFoi enterrada na manhã desta terça-feira, dia 18 de junho, o corpo de Dona Josefa Pereira da Silva Coelho, 96 anos, que morreu nesta segunda-feira, dia 17.

Dona Zefa do Coelho era uma das grandes lideranças comunitárias do Vale do São Francisco. Responsável pelo resgate da congada da Ilha do Pontal, comunidade localizada no interior de Lagoa Grande e também por melhorias para a comunidade do Sitio Coelho, em Petrolina, lugar onde viveu, criou filhos, netos e bisnetos.

A Dama do Congo sempre lutou por melhorias para o seu povo. Um de seus sonhos era ver água de fato nas torneiras da comunidade que não fica nem tão longe do rio São Francisco e concluir a capela que vinha erguendo por conta própria no Sítio Coelho, local onde foi velada.

A matriarca de uma família lutadora e consciente de seus direitos, também encabeçava uma nova batalha que era implantar no Sítio Coelho e comunidades vizinhas um projeto de irrigação. Ela sempre dizia que condições existiam, só falta a vontade dos “homens”.

Numa recente reunião ocorrida na mesmo igreja onde Dona Zefa foi velada por toda manhã desta terça, ela e seu povo receberam o deputado estadual Odacy Amorim, do PT-PE que se comprometeu ajudar as famílias na busca da concretização desse sonho e de outras demandas locais.

O ex-diretor de Cultura de Lagoa Grande, Edivaldo Barbosa, conheceu bem Dona Zefa e lembra a energia e do amor que a matriarca tinha pelo congo e pelo trabalho que vinha fazendo para resgatar essa tradição da época dos escravos e que havia sido esquecida na região. O trabalho resultou na conquista do apoio do Ministério da Cultura que escolheu o resgate da Congada da Ilha do Pontal como um dos micro-projeto aprovado para a região banhada pelo rio São Francisco.

“Lamentamos profundamente a morte de Dona Zefa. Considero uma perda muito grande para a cultura de nossa região. Dona Zefa era uma guerreira e mostrou na prática isso quando com os poucos recursos de sua aposentadoria levantou uma capela em sua comunidade após solicitar apoios e sempre ver essa vontade ser deixada de lado”, revelou Edivaldo.

Cinara Marques

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