O GRITO DE LIBERDADE DE BENÉ

Jaime Badeca Filho

blogqspminuto10Ontem, logo cedo, no início da manhã,  me dirigia ao trabalho e ouvia pelo rádio do carro um importante jornalista, de um não menos importante e prestigiado programa, criando em mim bastante expectativa e curiosidade. Dizia ele que no bloco seguinte daria destaque a uma espécie de rebelião na Câmara de Vereadores, em que parlamentares da base governista estariam ensaiando ou ameaçando adotar outros posicionamentos, de independência e liberdade.

Estacionei meu veículo e aguardei o retorno do âncora após as mensagens comerciais. O destaque da reportagem foi um pronunciamento do vereador Bené Marques da Tribuna da Câmara, fazendo duras críticas ao SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto e à situação caótica em que se encontram os postos de saúde, sem medicamentos e até mesmo sem papel higiênico, além de estarem alguns deles tomados de mato e lixo, com a presença de animais, inclusive.

Achei corajoso o pronunciamento, mas não o considerei ou interpretei como ofensivo ao governo. O parlamentar intercalou sua fala reconhecendo alguns pontos positivos, tanto em relação ao SAAE como em referência à saúde. No final da tarde estava me dirigindo ao Complexo Prisional a fim de entrevistar-me com um cliente ali recolhido e avisar-lhe que havia obtido do Juíz de Direito a informação de que o mesmo ganharia a liberdade no dia seguinte.

No percurso entre o centro e aquela unidade prisional ouvia no rádio o vereador Bené Marques conceder entrevista a outra emissora local em programa também líder de audiência. Tentei vencer com rapidez as barreiras de um presídio de segurança máxima a fim de retornar para o carro e continuar ouvindo o programa. Lá dentro, na última etapa, já dentro do parlatório, tive de esperar ainda alguns colegas advogados que ocupavam o espaço conversando e orientando seus clientes.

Quando chegou a minha vez, pude, enfim, prestar a informação ao meu cliente de que estava prestes a reconquistar  sua liberdade. A reação do mesmo foi um grito de entusiasmo. Consta no noticiário em geral e na própria entrevista do protagonista BENÉ que o mesmo fora chamado ao Paço e sofrido admoestações e censuras de representantes do chamado núcleo duro do governo, de que esse tipo de declaração e atitude não interessava ao executivo, numa clara demonstração de insatisfação e dificuldade de absorver a crítica, não restando alternativa ao parlamentar senão o rompimento político.

Bené não falou nem uma palavra a mais do que se ouve nas ruas de Juazeiro,  na TV , nas emissoras de rádio ou do que se lê nos blogs e jornais. A atitude do edil  quer nos parecer  tratar-se do início de uma reação do Poder Legislativo à intensa cobrança da opinião pública no sentido de que este Poder se revele e se manifeste como tal, afastando-se da imagem de um órgão pertencente ao Poder Executivo, um anexo ou apêndice deste.

O vereador, homem bom e simples, bastante identificado com as massas populares, como o próprio falou, “ não aguentou mais” conviver com essa situação. Em toda família, quando nasce o segundo filho, os familiares e amigos gostam muito de brincar com o mais velho, o  primogênito, dizendo: olha, você perdeu o trono, tipo, você não será mais tão paparicado. E a cada filho que nasce, o caçula deixa de ser caçula e vai ouvindo a mesma brincadeira de gosto duvidoso, provocando ciumeira.

Creio eu que o “último dos moicanos”, o vereador JOSÉ CARLOS MEDEIROS, está vacinado para esse tipo de provocação e BENÉ tem a consciência da sua importância e responsabilidade neste momento crucial para a reconstrução do Poder Legislativo Municipal, devendo atrair outros pares para a restauração do equilíbrio da Casa do Povo Aprígio Duarte Filho.

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