Mesmo com usina hidroelétrica, grande parte da zona rural de Sobradinho continua no escuro

 

 

Mesmo com a promessa de desenvolvimento, 30 anos depois da construção da Barragem de Sobradinho, a Chesf não conseguiu garantir energia elétrica para 60% dos povoados do município. Tal dado foi revelado ontem (7) na Univasf, em Petrolina, durante a apresentação do relatório “Violação de Direitos Humanos na Construção de Barragens”.  Os dados, apresentados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens, relevam os danos a milhares de vidas humanas pelo Brasil afora, causados pela construção de Usinas Hidrelétricas, como a de Sobradinho.


O estudo, que foi reconhecido e assinado por diferentes ministérios, durou quatro anos para ser concluído. Segundo a representante nacional do MAB, Sonia Maranhos, entre os maiores prejuízos  a saúde e ao desenvolvimento das pessoas está o caso de idosas que entraram em coma após verem suas localidades de origem serem inundadas.



“Há senhoras que ajudaram a construir a igreja do local, por exemplo, e que fazem disso uma motivação de vida, e que quando são obrigadas a deixarem suas origens, acabam entrando em estado de coma”, disse Maranhos.


Por mais de uma vez, a cidade de Sobradinho (BA) foi citada como exemplo de local  vítima da construção de barragem. O agricultor José Neto, lembra que muitas famílias de lá foram instaladas em áreas sem oferta de água potável. “Eu mesmo com minha família fomos morar numa área 50 km do rio, que tinha uma água salobra, os problemas intestinais eram imenso, paramos de comer peixe e de plantar de vazante, muitas pessoas passaram fome”, recorda o agricultor.



Para os integrantes do MAB, apesar dos desrespeitos causados aos direitos humanos de vários brasileiros, a maior parte da energia que o Brasil produz via hidrelétricas, como a administrada pela Chesf, vai para o exterior.  “O projeto da hidroelétrica de Belo Monte, a ser instalada na região Norte, vai ser ligada ao sistema nacional para ser encaminhada ao Peru. Quem mais fatura com essas construções são grandes empresas mineradoras, que trabalham para alimentar sistemas de produção em outros países”, afirma.


A diretora do MAB disse que a instituição enxerga formas alternativas de gestão das Usinas. “ É possível criar barragens menores, e que a própria cidade sede possa ajudar na administração do empreendimento”, explica Sonia Maranhos.



Representantes O evento contou com a participação diferentes organizações populares e governamentais como MST,Consulta Popular, Univasf e Incra, respectivamente. Na ocasião, o integrante da Consulta Popular, Diego Albuquerque, lembrou do Novo Código Florestal.  No Projeto de Lei, aprovado recentemente pelos Deputados Federais,  ambientalistas dizem haver pontos que comprometem a preservação da matar ciliar, como aquela que fica às margens do rio São Francisco. Albuquerque cobrou aos representantes da região na Assembléia Legislativa explicações públicas sobre o assunto.



“É necessário que o senhor Joseph Bandeira, o senhor Gonzaga Patriota e o senhor Fernando Filho explicam à população porque ajudaram a aprovar o Novo Código  Florestal”, ressaltou.


 

 

Por: Por Jean  Brito e João Marques

 

 

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