Em meio ao desgaste na relação entre Brasil e Estados Unidos (EUA), com a guerra tarifária imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump, e faltando quatro dias para começar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, uma das mais conceituadas revistas britânicas, a The Economist, afirmou que o Brasil “oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática”.
Na reportagem, publicada ontem (28), a revista compara o julgamento de Bolsonaro ao contexto político dos EUA sob a liderança de Donald Trump. O texto diz que, enquanto os norte-americanos se tornam “mais corruptos, protecionistas e autoritários”, “o Brasil está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia”.
A capa da The Economist apresenta uma imagem de Bolsonaro com um chapéu igual ao que usava o “Viking do Capitólio”, um dos apoiadores de Donald Trump durante a invasão do Congresso norte-americano, em 6 de janeiro de 2021. O “Viking do Capitólio”, como passou a ser chamado o ativista de extrema-direita Jake Chansley, tornou-se um dos símbolos do ataque à sede do Poder Legislativo dos EUA.
A The Economist destaca que Bolsonaro e seus aliados provavelmente serão considerados culpados. “Isso faz do Brasil um exemplo de como os países se recuperam de uma febre populista”, considera o texto. A publicação ainda enfatiza que a maioria dos brasileiros vê com clareza o que Bolsonaro fez. “A maioria acredita que ele tenha tentado dar um golpe para permanecer no poder.”
O texto aponta que governadores conservadores que disputarão com o presidente Lula (PT) na eleição do próximo ano precisam dos votos dos apoiadores de Bolsonaro para vencer, mas diz que até eles criticam o estilo político do ex-presidente do PL.
“A maioria dos políticos brasileiros, tanto à esquerda quanto à direita, deseja deixar para trás a loucura bolsonarista e sua radical polarização. Dos magnatas empresariais de São Paulo aos caciques políticos de Brasília, há um surpreendente consenso em torno de uma agenda difícil, mas urgente, de mudanças institucionais”, avalia a The Economist.
A publicação da revista The Economist é um exemplo de que o mundo está de olho no Brasil e no que Bolsonaro tentou fazer para se manter no poder. Além disso, mostra que, muito provavelmente, só uma parte dos Estados Unidos, aquela ligada a Trump, caiu na narrativa de perseguição que Bolsonaro tentou emplacar quando começaram a chegar as consequências de seus próprios atos.
Brasil soberano – Durante ato de nomeação de autoridades aprovadas pelo Senado para autarquias e agências reguladoras, ontem, o presidente Lula (PT) disse que o Brasil está se “insurgindo” contra os Estados Unidos por não aceitar as justificativas do país para o tarifaço de 50% sobre parte dos produtos brasileiros. “Então é o seguinte: nós estamos nos insurgindo contra eles. Hoje eu disse para a imprensa mineira o seguinte: a hora que eles quiserem negociar, o Lulinha Paz e Amor está de volta”, declarou.

Falta de seriedade com o Brasil – O presidente Donald Trump citou, em sua carta antes do tarifaço, uma perseguição a Jair Bolsonaro (PL), medidas brasileiras contra big techs e déficit comercial. Ontem, Lula repetiu que irá regular as empresas de tecnologia e que qualquer instituição privada que quiser funcionar no Brasil precisa respeitar a legislação local. No caso de Bolsonaro, o petista disse que o julgamento é feito por outro Poder e que ele foi acusado por ex-colegas e não por opositores. “Nem o Mauro Vieira conseguiu falar (com os EUA), nem o Alckmin conseguiu falar, e o Haddad estava com uma reunião com o secretário do Tesouro, suspendeu a reunião com o Haddad e foi se reunir com o deputado Eduardo Bolsonaro. Uma demonstração da falta de seriedade nessa relação com o Brasil”, disse Lula.
Coluna Blogdomagno