SERÁ QUE ESTA CENA NUNCA MAIS IRÁ SE REPETIR?

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Luiz Inácio Lula da Silva ainda é capaz de deixar inquietos seus aliados e adversários. Presidente que fechou seu mandato com a maior aprovação popular na história do País, Lula sabe que será sempre lembrado – e também apontado como favorito – em qualquer cenário eleitoral. Por isso mesmo, enquanto tiver saúde, garra e disposição para enfrentar a luta política, Lula é será um eterno presidenciável.

Essa possibilidade voltou a ser, neste fim de semana, alvo de intensas especulações. Em entrevista a Veja, o governador baiano Jaques Wagner, que é amigo pessoal de Lula, mas luta para ser coordenador da campanha de Dilma Rousseff em 2014 e eventual ministro da Casa Civil em seu segundo governo, abrindo espaço para sua própria candidatura em 2018, decidiu aposentar de vez o ex-presidente Lula. “Lula é um grande cabo eleitoral, mas nunca mais pedirá votos para ele próprio”, declarou. “Nenhum partido pode depender de um só homem”.Será mesmo? Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que Lula é jovem, está com ótima saúde e poderá voltar em 2018. E há até quem aposte num retorno prematuro, já em 2014. Também amiga do ex-presidente Lula, a jornalista Tereza Cruvinel, que presidiu a Empresa Brasileira de Comunicação e a TV Brasil em seu governo, levantou essa possibilidade em sua coluna de ontem, publicada no jornal Correio Braziliense. Segundo ela, foi essa sinalização, dada por Lula ao governador pernambucano Eduardo Campos, que refreou o ritmo de campanha do presidente nacional do PSB. Segundo Tereza, Campos se mostra disposto a enfrentar a presidente Dilma, mas jamais faria o mesmo em relação a Lula.

O simples rumor de que Lula possa estar pensando em retornar ao Palácio do Planalto provoca calafrios na oposição. Neste sábado, Merval Pereira publica uma coluna no Globo, em que demonstra grande apreensão com essa possibilidade. Na revista Veja, há também uma reportagem de Rodrigo Rangel, chamada “O cheque vai falar”, sobre um pagamento de R$ 98 mil de Marcos Valério ao segurança Freud Godoy, que teria bancado despesas pessoais do ex-presidente. Veja também destaca uma suposta pesquisa junto à classe média em que o ex-presidente Lula e o PT seriam associados à “ladroagem”.

Lula está quieto no seu canto. Hoje, sua agenda tem sido muito mais focada em temas internacionais do que locais. Mas o fato é que ele tem deixado aliados apreensivos e inimigos em pânico.

Leia também a análise de Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, sobre essa possibilidade:

O que Lula disse a Campos?

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Uma das mais experientes jornalistas políticas do país, Tereza Cruvinel, afirma ter recebido informações fidedignas sobre uma mensagem de Lula a Eduardo Campos, na qual o ex-presidente adverte que pode vir a ser candidato em 2014, se for preciso. A informação visava forçar Campos a recuar, pois a presença de Lula faria Campos desaparecer junto ao eleitorado nordestino. Segundo Cruvinel, Lula foi bem sucedido, porque o governador de Pernambuco, de fato, deu alguns passos atrás e sumiu do mapa nacional.
Dias atrás, o Ilimar Franco publicou notinha informando que tucanos já estão desconfiados de possível desistência de Campos:Com a pulga atrás da orelha – O comando da candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB) está ressabiada com o governador Eduardo Campos, nome do PSB ao Planalto. Acham estranho os furos do socialista. Eduardo não foi à Conferência do PPS, ao 1º de Maio da Força Sindical e à tradicional Expozebu. Segundo os tucanos, se quer ser candidato mesmo, o socialista “não pode fugir da realidade o tempo todo”.
Na minha opinião, é muito difícil Lula vir como candidato, mas ele pode ter alertado Campos que ingressará pesado na campanha de sua correligionária, e que atuará especialmente no Nordeste, queimando o governador de Pernambuco junto a seu próprio eleitorado.

De qualquer forma, já temos um primeiro grande mistério para a campanha de 2014: o que, exatamente, Lula disse a Campos?

Leia a íntegra do post de Tereza Cruvinel:

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Lula na linha

Por Tereza Cruvinel, em seu blog.

As explicações dadas nos últimos dias pelos aliados do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para seu recente chá de sumiço deixaram a impressão de que faltava uma informação. Segundo esses interlocutores, Campos se retraiu para evitar a eleitoralização de todos os seus atos e a hiperexposição de imagem. E se voltou para as tarefas de governo também porque já começavam a dizer que ele viajava muito. Tudo isso é razoável, mas o ponto que faltava foi-nos revelado por eminências do próprio PSB: uma mensagem do ex-presidente Lula ao governador, nas vésperas do Primeiro de Maio, também contribuiu muito para a desaceleração de seus movimentos.

A fonte não sabe precisar o meio pelo qual a mensagem chegou ao governador, mas conhece perfeitamente o conteúdo. Desde que o governador avançou na disposição de concorrer à Presidência em 2014, rompendo a aliança histórica do PSB com o PT, seus aliados afirmam que só uma situação poderia levá-lo a desistir da candidatura: aquela em que o candidato do PT fosse o ex-presidente Lula, e não a presidente Dilma Rousseff. Campos não seria ingrato para com quem lhe deu todo apoio nos anos recentes, fazendo-o ministro, apoiando a candidatura a governador e propiciando-lhe recursos que ajudaram a garantir o êxito de suas duas gestões em Pernambuco. Sem dúvida, o governador é bom gestor, mas os investimentos federais no estado contaram muito. Para além da gratidão, existem também as fortes razões político-eleitorais. Por maior que seja a popularidade da atual presidente, especialmente no Nordeste, um eventual confronto com Lula ampliaria muito os riscos para qualquer desafiante.

A mensagem que Lula enviou, na semana do Primeiro de Maio, diz o informante do PSB, não foi afirmativa nem ameaçadora. Ele apenas pediu que Eduardo refletisse mais. Hoje, Lula teria mandado dizer: ele não é e não deseja ser candidato em 2014. A opção do PT já está feita por Dilma. Mas, e se lá na frente surgirem circunstâncias que o obriguem a concorrer? Iriam se enfrentar?

Depois disso é que Campos teria cancelado a participação na festa do Primeiro de Maio da Força Sindical, depois de ter prometido presença ao deputado Paulo Pereira da Silva, fundador daquela central sindical. Cancelou também a visita que faria a um órgão de imprensa em São Paulo depois da festa sindical. De lá para cá, tem se dedicado a visitar o interior de Pernambuco. Na semana passada, enquanto uma nuvem de políticos, com Dilma e Aécio Neves no destaque, participavam da exposição agropecuária de Uberaba (MG), Campos visitava 16 cidades do agreste. Esta semana, circulará pelo sertão.

Para quem vinha em altíssima velocidade, a freada foi brusca. Pode ter sido determinada pelo repentino cuidado com a saturação da imagem. Entretanto, a incursão de Lula também teve seu peso, garante o socialista que sempre recomendou mais cautela.

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