Sua carreira teve início nas décadas de 1950 e 1960, quando trabalhou em programas humorísticos e de variedades nas extintas TV Tupi, TV Excelsior e TV Rio. Posteriormente, em 1969, ela migrou para a Rede Globo, onde atuou em diversas novelas e programas que a tornaram nacionalmente conhecida.
Além disso, sua presença carismática e sua versatilidade permitiram que ela transitasse com facilidade entre gêneros diferentes, do drama à comédia, sempre com grande talento.
Entre os holofotes e as sombras do destino
Apesar da trajetória profissional brilhante, Dorinha viveu episódios turbulentos em sua vida pessoal. Em 1980, foi presa por matar seu marido, Paulo Sérgio Garcia de Alcântara, após uma discussão. O caso teve ampla repercussão na mídia e acabou impactando negativamente sua carreira artística.
Consequentemente, ela decidiu abandonar a televisão e passou a se dedicar exclusivamente à arte plástica, onde explorava temas esotéricos e buscava expressar suas emoções através de cores e formas.
Entre os seus trabalhos mais marcantes na TV, destacam-se:
- A personagem Dulcinéia Cajazeira na novela O Bem-Amado
- A primeira versão da icônica personagem Cuca no Sítio do Picapau Amarelo
Além disso, Dorinha foi destaque em programas humorísticos e musicais como:
- TV de Comédia
- O Riso É o Limite
- Noite de Gala e My Fair Show
Por fim, sua última aparição na televisão ocorreu em 2006, em um episódio da novela Belíssima, onde interpretou a si mesma.
Feridas reveladas em busca de luz e compreensão
Em 2002, Dorinha publicou sua autobiografia Em Busca da Luz, um livro comovente no qual expôs os bastidores de sua vida. No entanto, não se trata apenas de uma narrativa de carreira. O livro revela episódios intensos, como:
- Ter sido violentada aos 15 anos
- Passar por um aborto traumático
- Enfrentar períodos de prostituição e solidão
- Viver um casamento abusivo, que culminou em tragédia
Assim, a autobiografia tornou-se um espaço de libertação e explicação. Dorinha revelou que sofria constantes humilhações de seu marido, que a rejeitava em favor de mulheres mais jovens e a tratava com desprezo.
Por outro lado, o livro também demonstra sua luta por dignidade, mostrando que ela buscava:
- Alívio espiritual e redenção
- Um lugar de escuta e empatia
- Força para transformar dor em expressão artística
O adeus de uma mulher que se reinventou até o fim
Dorinha Duval faleceu em 21 de maio de 2025, aos 96 anos, no Rio de Janeiro. Sua filha, Carla Daniel, confirmou a morte, embora a causa não tenha sido divulgada. Mesmo assim, Dorinha continuava ativa em sua arte, mantendo contrato com a Globo até o fim da vida.
Enquanto isso, seu legado permanece vivo. Apesar das controvérsias, ela é lembrada como uma mulher resiliente, que ousou transformar tragédias em arte e reflexão.
Em resumo, Dorinha Duval:
- Abriu caminhos para mulheres na televisão
- Desafiou tabus com sua arte e seu livro
- Construiu uma trajetória marcada por coragem, intensidade e reinvenção
Por fim, seu nome é sinônimo de complexidade, uma mistura de talento, dor, brilho e resistência que continuará a inspirar gerações.