Por Lais Carregosa, Carlos de Lannoy, g1 e TV Globo —
Medida é encarada pelo governo como uma forma de deslocar o pico de consumo para um horário com mais geração solar. Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, diz não estar convencido sobre a proposta e vai dialogar com outros setores.
Horário de verão — Foto: Aen/Divulgação
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou nesta quinta-feira (19) o retorno do horário de verão em 2024.
☀️A estratégia é encarada pelo governo como uma forma de deslocar o pico de consumo para um horário com mais geração solar, reduzindo a necessidade de acionar usinas termelétricas — caras e que poluem mais — para atender à demanda.
“Foi recomendado pelo ONS e aprovado pelo CMSE um indicativo de que é prudente, que é viável e que seria um instrumento apontado como importante a volta [do horário de verão]”, anunciou o ministro Alexandre Silveira, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (19).
Contudo, Silveira disse que ainda não está convencido da necessidade do horário de verão, apesar da recomendação do comitê. O ministro disse que há “tranquilidade de que não faltará energia” e que pretende analisar outras medidas antes.
A decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e será uma determinação não apenas técnica, mas também política, já que o horário de verão mexe com a rotina da sociedade.
ONS pede medidas para garantir energia em horário de pico
Segundo o titular da pasta, a decisão sobre o horário de verão deve ser tomada nos próximos 10 dias.
A intenção é que, se adotada, a mudança nos relógios aconteça ainda em 2024, mas o tempo de duração ainda não foi determinado.
“Levo a recomendação sobre o horário de verão, mas com a condição de que nós temos, inclusive, de continuar nessa semana full time [tempo integral] e no início da semana que vem de continuar discutindo com técnicos”, disse Silveira.
O ministro afirmou que a previsão de economia com a adoção do horário de verão seria de R$ 400 milhões. Isso porque o ONS acionaria menos usinas termelétricas.
O horário de verão foi extinto em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL). Na época, o Executivo alegou que a economia de energia era baixa e não justificava a adoção da medida (relembre mais abaixo).
A retomada do horário de verão foi uma das sugestões dentro do plano de contingência apresentado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta quinta-feira (19).
O plano de contingência havia sido solicitado pelo ministro Alexandre Silveira em ofício no último dia 6 de setembro.
Segundo o ministro, o objetivo é garantir o fornecimento de energia no sistema interligado e em Roraima — único estado que não está conectado ao restante do país.
“Além disso, destaco que o Plano deve conter, entre outras, propostas de medidas concretas, para cada ano, a serem adotadas pelas instituições que compõem o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico”, diz o ofício assinado por Silveira.
Entenda a medida
No início da noite, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. À noite, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano.
?No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.
Com as medidas para poupar os reservatórios das usinas hidrelétricas, por causa da seca, é necessário acionar mais termelétricas para atender ao pico de consumo.
Ao adotar o horário de verão, o pico consumo é deslocado para o horário com mais geração solar, reduzindo a necessidade de complementar a geração com mais usinas térmicas.