Juazeiro realiza terceira marcha pela reforma psiquiátrica no Vale

 

“Loucos por uma Rede de Atenção Integral à Saúde Mental no Vale”. Foi com esta e tantas outras mensagens que usuários da Rede de Saúde Mental de Juazeiro, familiares, estudantes e profissionais de saúde saíram em caminhada na manhã desta quarta-feira (18/05) – dia em que se promove no Brasil a Luta Antimanicomial – chamando à atenção da sociedade para a construção de melhores políticas voltadas para a área. De forma animada, com apitos e cartazes informativos, a marcha pela reforma psiquiátrica percorreu as principais ruas da cidade até a praça da catedral. Segundo Maria Gilda Silva, usuária do CAPS II há 7 anos, o movimento é muito importante. “A doença mental existe e enfrentamos muitas dificuldades devido ao preconceito e a falta de atendimentos. A sociedade deve se conscientizar e lutar por uma verdadeira saúde integral, onde sejamos mais bem tratados e respeitados, principalmente em sociedade”, relatou.


Na opinião da usuária do CAPS II, Antônia Evilânia de Medeiros, 47 anos, a ação é uma maneira de conscientizar a população e os políticos. “Ainda existe muito preconceito na sociedade, até mesmo dentro das próprias famílias dos pacientes. Muitos ainda vivem em cativeiro, com vergonha. Estamos em luta para que esta situação mude e que nós possamos ser livres, pois somos seres humanos”, disse.


Evilânia Medeiros agradeceu também a atenção especial oferecida pela equipe do CAPS II. “Há cinco anos sou paciente do CAPS e recebo um tratamento maravilhoso. Às vezes falta remédio, mas logo, a prefeitura providencia. Tinha depressão, mas hoje me sinto útil, graças aos profissionais que são ótimos e atenciosos. Aprendi muitas coisas, como fazer artesanato. Hoje sou artesã e trabalho dentro e fora da unidade. Estou muito mais auto-confiante”, falou.


De acordo com a coordenadora da Rede de Saúde Mental de Juazeiro, Cilene Duarte, há 24 anos que o dia 18 de maio é lembrado como o processo de construção de modos de cuidados mais dignos e inclusivos às pessoas com transtornos psíquicos. “A caminhada também tem o objetivo de sensibilizar a sociedade civil e os profissionais sobre a luta antimanicomial. É necessário que as pessoas com sofrimento psíquico possam ter os mesmos direitos que as outras pessoas com problemas clínicos. Outro fator que deve ser mudado é a questão social, que vai além da saúde, pela luta por mais direitos humanos”, ressaltou.


Segundo a coordenadora, Juazeiro vive um momento de evolução e muito ainda precisa ser feito em prol dos usuários dos serviços, mas nos últimos dois anos a área tem alcançado várias conquistas. “Os serviços têm melhorado a cada dia, com a oferta de atendimentos mais humanizados e dignos, através de uma equipe multiprofissional. É lógico que ainda falta novos investimentos, mas o município não possui recursos suficientes para oferecer uma atenção melhor ao usuário”, informou.


Cilene Duarte destaca que atualmente a luta é por mais recursos financeiros, humanos e qualificação dos profissionais. “A nossa luta é para que o Ministério da Saúde e o Estado aumentem as condições para que novas implantações sejam viabilizadas no Vale”, concluiu.

 

Ascom/PMJ

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *