Em Petrolândia, o 6 de março já é feriado municipal.
O azul e branco, cores dominantes nas duas bandeiras, destacam ainda mais as semelhanças. Até os versos mais conhecidos do Hino de Pernambuco, lembram também Petrolândia.
Salve! Ó terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco imortal, imortal!
Petrolândia recebeu em 2012 o título de Capital Pernambucana da Coconicultura, em reconhecimento à grande produção do fruto no município.
Petrolândia é rica em belas paisagens naturais, como grutas e praias de água doce, e algumas construções reintegradas à Natureza, como as ruínas da Igreja do Sagrado Coração de Jesus que, há 30 anos, resistem a mergulhar inteiramente no Lago de Itaparica.
Mas, ao contrário de Atlântida, o lendário continente tragado pelo oceano, cuja localização das ruínas submersas ainda hoje é incerta, Petrolândia tem catalogado descobertas no fundo da represa.
A Nova Petrolândia foi construída sob o clamor popular, os debates políticos e batalhas, inclusive com ocupação de canteiro de obras para forçar a negociação com os agricultores, ações que obtiveram conquistas até então inéditas na história da construção de hidrelétricas no País, como a concessão de verba de manutenção a reassentados.
Petrolândia também é imortal ou, mais propriamente, renasceu várias vezes. Como fênix, ressurgiu do fogo de secas devastadoras e da água das inundações do São Francisco, quando ele ainda era um rio e alimentou o Bebedouro do Jatobá, e fez crescer Jatobá, depois Jatobá de Tacaratu, que virou Itaparica, que em tupi significa ‘cercado de pedras’, e por fim Petrolândia, a terra de Pedro.
A relação de Petrolândia com o São Francisco é intensa. Surgida às margens do “rio dos currais”, após mais de 200 anos de registros históricos, a Atlântida do Sertão é completamente dependente de suas águas.
Além da receita obtida pela geração de energia na Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga e dos produtivos – e problemáticos – perímetros de irrigação, a cidade é também um dos municípios com a maior produção de tilápias no Brasil, com mais de uma centena de empreendimentos de aquicultura e piscicultura instalados no Lago de Itaparica.
Hoje, trinta anos passados desde a mudança da “velha para a nova cidade”, já não estão vivas muitas testemunhas desse processo, pessoas que saíram de suas casas, de suas terras e foram instaladas no centro da cidade ou nas agrovilas, ou até mudaram de cidade.
O cantor e compositor Rui Sá é uma dessas perdas. Autor da canção-tema e hino popular de Petrolândia (Recordações), ele não quis viver na cidade nova e foi embora para São Paulo. Lá, faleceu no ano de 2014.
Mas, não somente pessoas foram transferidas durante a transição da sede da cidade. As palmeiras imperiais que embelezaram a Orla Fluvial e se tornaram símbolo de Petrolândia, também vieram da “velha cidade”, transplantadas do entorno do escritório da Codevasf para a nova margem das águas.
Orla Fluvial em agosto de 2016 (Foto: Lúcia Xavier Ramalho/Arquivo BlogAR)
Na Orla, durante quase três décadas, mais de 20 palmeiras assistiram ao crescimento da cidade, adornaram a beleza do lago e foram cenário para fotos de moradores e visitantes do município. A maioria delas definhou no período dos anos de 2015 a 2028, quando foram retirados os troncos das últimas árvores mortas. Porém, em 2019 , novas palmeiras imperiais foram plantadas.(foto abaixo)
Membro do IHGP-Instituto Histórico e Geográfico de Petrolândia