COISAS DO FUTEBOL (ou fragmentos articulados)

*Luiz Duarte

blogqsp.luizduarte

Ninguém, até hoje, chegou a uma conclusão definitiva quanto à origem do esporte das multidões. Mas todos concordam (exceto os argentinos), que o maior e melhor jogador de futebol foi, é e sempre será um mineiro chamado Pelé que, entre outras façanhas, marcou 1.283 gols – recorde mundial insuperável na arte de balançar as redes.

Dizem as boas línguas que, na época do amadorismo, antes do advento do futebol profissional, um brasileiro chamado Artur Friedenreich (filho de um marinheiro alemão e de uma mulata carioca), apelidado “El Tigre”, fez 1.472 gols, sendo quinhentos de pênalti, tendo batido apenas 500 pênaltis! É mole, ou quer mais?

Em Juazeiro da Bahia, terra que serviu de berço para atletas que jogaram na seleção brasileira de futebol, como Luiz Pereira e Nunes (no passado) e Daniel Alves (no presente), aconteceram, dentro de campo, algumas coisas que até o cão duvida.

Zé Bispo era um ponta-esquerda típico, titular absoluto do Olaria, que tinha se recuperado de uma contusão e estava esquentando o banco de reservas. E, aos trinta minutos do segundo tempo (é sempre assim e não me perguntem o porquê), o técnico do alvi-negro disse para o “dono” da camisa onze do “time do povo”, começar o aquecimento para substituir o ponta-esquerda que não estava dando conta do recado.

Então, a bola saiu pela linha de fundo e o árbitro marcou escanteio do lado esquerdo do ataque do Olaria. O técnico mandou o Zé entrar no jogo e cobrar o tiro de canto. Zé Bispo, sem entrar em campo, com o lado de dentro do pé direito (de pé trocado) chutou, com muito efeito, e fez um gol olímpico, isto é, um gol em que a bola após a cobrança do corner, não é tocada por mais ninguém e vai direto para o fundo da rede. Assim, Zé Bispo marcou um gol sem entrar em campo, numa tarde de domingo, no Estádio Adauto Morais.

E, se você, caro leitor, tem alguma dúvida, pergunte, entre outros, a Herbet Mouze e a Augusto Morais, locutor e comentarista de futebol, respectivamente, da antiga e histórica ZYN 21 – Rádio Juazeiro.

………………………………………………………………………………………………..

Na mesma trave (é assim que se fala no dialeto futebolês), em que Zé Bispo fez o gol sem entrar em campo, ou seja, na trave mais próxima do Mercado Municipal, Lourinho, jogador do XV de Novembro, numa partida contra o Juventus – realizada em 18 de julho de 1973, no Estádio Adauto Morais – recebeu a bola logo no início do jogo, deu um chute espetacular e marcou, aos quatro segundos, o gol, mais rápido do mundo, estabelecendo um novo recorde, registrado no “Guinness Book – O Livro dos Recordes de 1974”.

………………………………………………………………………………………………..

Adroaldo Muniz de Melo – o Dozinho – o saudoso craque, o maior jogador de futebol de Juazeiro em todos os tempos, era um ambidestro (batia igualmente na bola com a direita e com a esquerda) que fazia misérias com a bola nos pés, no peito, nos ombros, nas pernas, na cabeça e nas mãos, pois começou a carreira (poucos sabem) como goleiro e foi, por acaso, transformado em centro-avante. Dozinho, como todo gênio do futebol, pensava e agia dentro de campo com a rapidez de um raio. Marcou centenas de gols belíssimos e fez proezas que nem Pelé, em toda a sua glória e esplendor, conseguiu realizar. Pode até parecer estória de trancoso, mas é a mais pura verdade o que ocorreu numa tarde de domingo: Dozinho em um mesmo dia sagrou-se campeão na Bahia e em Pernambuco, pois jogou, em partidas simultâneas, o primeiro tempo no Olaria, aqui em Juazeiro, no Estádio Adauto Morais, e o segundo tempo no América, lá em Petrolina, no Estádio da Associação Rural. E tem mais, fez um gol cá e outro lá.

Seu Alonso, à época, presidente do América, como estava combinado, foi na sua “Rural” buscar o craque no intervalo do jogo em Juazeiro e o levou para Petrolina. Seu Alonso me disse que na Ponte Presidente Dutra, deitado no banco traseiro da sua “Rural” vermelha e branca, Dozinho trocou de uniforme: tirou o do Olaria e vestiu o do América. E, assim entrou em campo para jogar o segundo tempo da partida no Estádio da Associação Rural…

………………………………………………………………………………………………..

E, para completar, mais recentemente (?), em 25 de março de 2007, no Adautão, o veterano Jackson, depois de muita quilometragem e passagens pelo Sport Recife, Seleção Brasileira, Vitória de Salvador, fez um gol no mínimo incomum na partida contra o Juazeiro Social Clube.

Então o Jackson chutou a bola, da meia-direita do ataque do Vitória em direção à zona do agrião. Inicialmente parecia um cruzamento, quase paralelo à linha da entrada da grande área. Porém, quando a gorducha passou entre a meia lua e a marca do pênalti, foi atingida por uma fortíssima rajada de vento, mudou a direção de sua trajetória em quase noventa graus à direita e, subitamente, foi parar no fundo da rede, para surpresa de todos. Principalmente do goleiro Ari do Juazeiro e do próprio Jackson que não acreditavam no que estavam vendo.

O comentário geral, depois do jogo, foi o seguinte: Jackson cruzou e o vento fez o gol…

Luiz Duarte (*)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *