No dia 3 de setembro de 2012, o 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMt) do Exército Brasileiro, através de um ato administrativo da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), tomou posse da Ilha do Fogo. Apesar da posse ter amparo legal, foi uma atitude autoritária, uma verdadeira invasão, que desconsiderou todas as ponderações apresentadas pelo Coletivo de Luta Amigos da Ilha do Fogo que se constituiu para lutar na defesa desse raro e fundamental espaço público.
Um inédito Ato Público realizado na Ilha do Fogo com significativa participação popular, entidades regionais e das Câmaras Municipais das duas cidades e com a presença do comandante do 72º BIMt buscou através do diálogo impedir essa verdadeira atrocidade. Contudo, após a invasão, representantes do 72º BI foram à imprensa alegar que o combate ao tráfico de drogas seria o motivo da invasão. Alegação absurda e descabida.
Se for seguir essa lógica, quantos espaços o Exército precisaria invadir para acompanhar a expansão desse gravíssimo problema social? questionamos também quais medidas foram tomadas para ajudar esses usuários de drogas (minoria) que utilizavam a Ilha do Fogo para resolver esse grave problema de saúde pública?
A invasão da ilha, por sua vez, cria outro problema, tirando da população o direito de acesso à Ilha, ao lazer, à prática esportiva, atividade lúdica, recreativa, artística e cultural que este patrimônio do povo brasileiro sempre proporcionou aos seus visitantes. Sem opções públicas de lazer, juazeirenses e petrolinenses têm a Ilha do Fogo como a área de melhor desfrute das belezas do rio São Francisco, com seus mitos, lendas e causos construídos no imaginário do povo ribeirinho.
Na Ilha existe há mais de 30 anos, uma colônia de pescadores. Ameaçada de expulsão, esta comunidade tradicional de trabalhadores/as pode perder o direito de sustentar suas famílias, como se já não bastasse a degradação ambiental, social e humana que se abate sobre o Velho Chico em 50 anos de avanço avassalador do capital em nossa região. A última investida foi o contrato assinado entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e o Corpo de Engenharia do Exército norteameri cano (USACE) para o estudo da navegabilidade do rio São Francisco, desprezando, inclusive, o potencial dos engenheiros e militares brasileiros e colocando em risco a soberania nacional uma vez que não passou pela análise do órgão competente para avaliar a necessidade de termos soldados norteamericanos em nossos pais.
Aliado a isso, temos acompanhado o aumento da exploração do rio com projetos de construção de Mineradoras, Usinas Nucleares, Barragens, Transposição etc. As vítimas imediatas dessa onda de invasões são sempre as mesmas: comunidades tradicionais e populações periféricas, que ficam à mercê do modo autoritário e desrespeitoso com que são tratadas semelhantes às ações da ditadura militar que nas ruas derrotamos.
Com ânimo e coragem temos nos organizado em defesa da vida, de nossos direitos, das terras e águas, plantas, animais e gentes do São Francisco. Provocada pelo “Coletivo Amigos da Ilha”, tem sido feita uma articulação inédita entre Instituições de Ensino Superior (Univasf, IF Sertão-PE, Uneb e UPE), Prefeituras Municipais e a sociedade civil organizada para a elaboração de projetos arquitetônicos turístico-culturais que garantam a revitalização e o acesso da população à Ilha do Fogo. Continuaremos lutando para que, em breve, o Museu do Ribeirinho e o Parque Turístico Serpente da Ilha do Fogo sejam realidade.
Do galpão da antiga Franave, da pedra onde reina a Serpente, das ribeiras dos pescadores vislumbramos um longo e árduo caminho pela frente, tal qual o Velho Chico – Opará – Rio- Mar enfrenta e nos ensina e convoca a enfrentar. E não há como se furtar: ou lutamos ou seremos cúmplices de um processo danoso para o povo ribeirinho e para o povo brasileiro.
Assim, nos manifestamos:
– Pela imediata, incondicional e total retirada do Exército da Ilha do Fogo
e que as autoridades responsáveis realizem a necessária revitalização desse importante
espaço que ao povo pertence.
– Pela garantia da continuidade do acesso e moradia dos pescadores da Ilha do Fogo e
ações que melhorem as suas condições de vida e de trabalho.
– Pela suspensão do acordo assinado entre a Codevasf e Usace e a retirada imediata de
qualquer presença militar norteamericana da região.
COMITÊ POPULAR EM DEFESA DA ILHA DO FOGO E DO RIO SÃO FRANCISCO
COLETIVO DE AMIGOS DA ILHA
ASSOCIAÇÃO DE PROFESORES LICENCIADOS DA BAHIA – APLB
SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE JUAZEIRO – STR
SINDICATO DOS DOS BANCÁRIOS DA BAHIA
ASSOCIAÇÃO DOS MOTOTAXISTAS DE JUAZEIRO
GABINTE DO VEREADOR MITONHO VARGAS
INSTITUTO REGIONAL DA PEQUENA AGROPECUÁRIA APROPRIADA – IRPAA
ARTICULAÇÃO POPULAR SÃO FRANCISCO VIVO – APSFV
COMITÊ HIDROGRÁFICO DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO – CHBSF
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE JUAZEIRO
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO ALAGADIÇO
REDE DE EDUCOMUNICADORES POPULARES DA BACIA DO SÃO FRANCISCO
CIRCULO OPERÁRIO DE JUAZEIRO
CONSELHO ORGÂNICO DE PETROLINA
CENTRO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIVASF
MOVIMENTO NACIONAL DOS PESCADORES E PESCADORAS – MPP
ADV JUS PREV (ESCRITÓRIO DE ADVOGACIA DR LUCIANO SIMÕES)
SINDICATO DOS ELETRICITÁRIOS DA BAHIA – SINERGIA
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – CPT
CONSELHO PASTORAL DOS PESCADORES – CPP
CONSELHO ESTADUAL E MUNICIPAL DA JUVENTUDE (BAHIA)
NÚCLEO DE ARTE-EDUCAÇÃO NEGO D’ÁGUA – NAENDA
IMPULSO PRÉ VESTIBULAR
ASSOCIAÇÃO ARTÍSTICA RAÍZES
ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES RENDEIRAS DO JOSÉ E MARIA
CONSELHO DE CULTURA DE PETROLINA
PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT
PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL – PC do B
GABINETE DA VEREADORA MARIA ELENA/PETROLINA
GABINETE DO VEREADOR ZO/JUAZEIRO
GABINETE DO VEREADOR ZÉ CARLOS MEDEIROS/JUAZEIRO
APOIO:
CÂMARA DE VEREADORES DE JUAZEIRO
CÂMARA DE VEREADORES DE PETROLINA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF
INSTITUTO FEDERAL DO SERTÃO PERNAMBUCANO – IF SERTÃO-PE