A união que está marcando a luta dos trabalhadores em educação de Juazeiro mostrou que quando o movimento se fortalece as conquistas acontecem. Nesta quarta-feira (23) os profissionais estiveram em peso na Câmara de Vereadores, acompanhando a sessão marcada para que fosse votado o projeto de lei do executivo sobre o reajuste do piso nacional do magistério. Os vereadores decidiram suspender a votação diante da enorme pressão dos trabalhadores em educação para que as negociações continuem e o projeto seja revisto.
O embate liderado pela APLB Sindicato acontece desde que foram definidos os 33,24% e garantidos por lei, mas refutado de forma veemente pela gestão Suzana Ramos que oferece 26% à categoria, mas com a perda de diversos direitos conquistados ao longo dos anos, como explica o diretor da APLB Sindicato em Juazeiro Gilmar Nery. “Tentei mais uma vez explicar aos vereadores o absurdo da situação.
Estão extinguindo os 30% de regência, criando 20% de uma gratificação que leva para o inicial da carreira. Isso é um retrocesso, é a destruição de uma conquista de anos e o documento não pode ser assinado do jeito que foi enviado para a Câmara, cheio de ‘pegadinhas’. Isso vai trazer sérios prejuízos para a educação. Estão colocando os 26% linear ao salário tirando as gratificações. Fizemos uma proposta para que eles dessem 26% linear, oferecendo 17% de imediato e dividindo os outros 9% em três vezes até o final do ano com datas determinadas, contanto que não mexam no que já foi conquistado em anos anteriores e já garantido em lei. A secretária Normeide Almeida está assinando um atestado de incompetência, destruindo a educação de Juazeiro”.
Após o final da sessão já com votação suspensa, os professores festejaram o fato de terem mais uma chance de ampliar as negociações permanecendo em greve. Todos seguiram para uma manifestação em frente ao prédio da Secretaria de Educação, na rua Antônio Pedro. Com faixas e carro de som os trabalhadores em educação se posicionaram e soltaram a voz com depoimentos e relatos de revolta e indignação voltados à atitude da secretária Normeide Almeida.
“Estamos aqui em frente a nossa secretaria de educação, porque somos nós, de fato e de direito que fazemos essa secretaria. Hoje estamos aqui para pedir a Normeide que se sensibilize com nossa causa. Sentimos que nossos vereadores estão sensíveis e lembramos que a prefeita foi eleita para representar Juazeiro e, como primeira prefeita mulher de nossa cidade, era para ter um pouco mais de sensibilidade, de zelo pelas pessoas, mas isto não está acontecendo. Hoje, na Câmara, quando vimos o projeto sendo tirado de pauta choramos de emoção. Como é que essa prefeita não mostra sentimentos pela causa?”, questiona a professora Maria Auxiliadora engrossando os gritos de luta dos colegas em frente à SEDUC.
“Não precisávamos estar passando por isso, porque são direitos conquistados e já garantidos. Gostaria muito que a secretária reveja essa situação provocada pela própria gestão. Educação de qualidade não é colocar qualquer professor que ainda nem tem formação para estar assumindo sala de aula. Estaremos na luta e abertos ao diálogo para se chegar a um consenso, pois não queremos ver a educação do município como está”, ressaltou a presidente do Conselho do Fundeb em Juazeiro, Edinalva Santos.
O vereador Alex Tanury, que está dando total apoio aos trabalhadores em educação e tem buscado garantir o pagamento dos 33,24% aos professores disse que não vai abandonar a causa. “Gostaria de dizer que não me cansarei de estar ao lado dos professores. É típico desse governo enganar as pessoas. O governo quer maltratar a categoria e trazer de volta um passado tenebroso. O projeto nós vencemos em parte, mas não tenham dúvida de que com professores, pais e alunos unidos, vão comover os vereadores e a conquista virá”, afirmou.
O diretor da APLB Sindicato fez questão de dizer que a força e a adesão dos trabalhadores em educação foi o que fez com que o projeto fosse barrado. “Temos que estar juntos e a categoria deu uma grande demonstração hoje de muita coragem, ocupando a Câmara e fizemos valer aquilo que estamos defendendo. O maior patrimônio que a APLB tem são suas conquistas através da luta de seus filiados e a SEDUC tem que seguir o mesmo exemplo”.
Nesta quinta-feira (24) os trabalhadores em educação de Juazeiro que mantém a greve por tempo indeterminado, estarão reunidos em praça pública a partir das 8h, levando as assembleias realizadas até então na sede da PLB para o espaço aberto. A população poderá ver e acompanhar toda movimentação, conversar com os professores, saber mais sobre o empasse que motivou as manifestações, paralisações e culminou em greve.
“Nossa categoria é forte e é de luta. Amanhã estaremos na Praça 15 de Julho, ao lado do Paço, a partir das 8h e ficaremos com faixas e de lá deliberaremos até que nos chamem”, finalizou Gilmar Nery.