Turbinada por orçamento secreto, Codevasf é usada como palanque eleitoral; saiba como e por quem

Patrick Camporez e Daniel Gullino/O GLOBO
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba recebeu R$ 3,6 bilhões de emendas de relator, mecanismo pelo qual parlamentares destinam verbas a seus domicílios eleitorais sem que sejam identificados
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (terceiro da esquerda para a direita), participa de entrega de retroescavadeira em Miguel Alves, no Piauí Foto: Reprodução / Reprodução
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (terceiro da esquerda para a direita), participa de entrega de retroescavadeira em Miguel Alves, no Piauí Foto: Reprodução / Reprodução
Quase a metade dos R$ 7,3 bilhões que entraram no caixa da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em 2020 e 2021, o equivalente a R$ 3,6 bilhões (valores corrigidos pela inflação), é proveniente das chamadas emendas de relator, o mecanismo pelo qual parlamentares destinam verbas do governo a seus domicílios eleitorais sem que sejam identificados. Além disso, das 12 superintendências da empresa pública, pelo menos oito são comandadas por afilhados de caciques políticos, muitos deles ligados ao Centrão, grupo mais conhecida pelo seu pragmatismo eleitoral do que pelas orientações ideológicas.
A Codevasf foi criada em 1974 para apoiar o desenvolvimento das regiões pobres do Vale do Rio São Francisco. Com o passar dos anos, a companhia foi ampliando sua área de atuação e passou a abarcar regiões que estão a milhares de quilômetros do Velho Chico, com frequência para abrigar aliados de quem está no poder.

Parte relevante desse quadro foi desenhado pelo atual governo. Durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro, a Codevasf ganhou quatro novos postos — Goiânia, Palmas, Macapá e Natal. Desses, três foram entregues a políticos.

 

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