Em viagem ao extremo norte da Amazônia, o presidente bajula seus ex-companheiros de farda e diz que eles decidem como o povo deve viver
RICARDO NOBLAT
É tamanho o empenho do presidente Jair Bolsonaro em tentar agradar seus ex-companheiros de farda que, ontem, em visita ao extremo norte da Amazônia para a inauguração de uma ponte de madeira construída pelo Exército em São Gabriel da Cachoeira, ele não se conteve e reconheceu ao discursar:
“Tem mais ministros oriundos das Forças Armadas no meu governo do que teve durante os governos da revolução de 1964”.
Revolução não houve em 1964, golpe militar, sim. O governo Bolsonaro, de fato, tem mais militares empregados do que qualquer outro governo da ditadura que durou 21 anos. Só ministros de Estado são sete. E mais de 6 mil militares ocupam cargos nos diversos escalões da administração pública.
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Acompanhado de generais – entre eles, o ministro da Defesa Braga Neto e o comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira -, Bolsonaro condicionou o desejo dos brasileiros por paz, progresso e liberdade a uma decisão exclusiva dos militares:
“Queremos paz, progresso e acima de tudo liberdade. A gente sabe que esse último desejo passa por vocês. Vocês é que decidem, em qualquer país do mundo, como aquele povo vai viver”.
Não são os militares que em qualquer país do mundo decidem como o povo deve viver. Só decidem onde não há liberdade, e eles mandam. É o que Bolsonaro gostaria que acontecesse por aqu