Vai começar o Festival Edésio Santos da Canção

Estrela Mariene de Castro abrirá caminho para o samba no Edésio Santos

 

Por Luiz Hélio/SEIASC

 

“Salve os Santos dessa casa Juazeiro e diga a mãe das águas daí que estou chegando!”

O encerramento do Festival Nacional Edésio Santos da Canção/FENESC, no próximo sábado (26), será marcado pelo brilho da estrela Mariene de Castro, a nova diva do samba. Uma cantora de voz firme e singular que durante turnê na França, no ano de 1996, foi aclamada pela crítica especializada e chegou a ser comparada a Edith Piaf, famosa cantora francesa.

Com dois discos gravados, “Abre Caminho” (2006) e “Santo de Casa – Ao Vivo” (2010), Mariene tem no currículo dois dos principais prêmios da música brasileira, o Braskem (2004) e o TIM (2005), além de uma carreira alimentada pela latente paixão da artista por suas raízes. Atualmente a cantora é uma das mais respeitada vozes do samba, sendo requisitada para parceria com alguns dos maiores nomes do gênero no Brasil.

Mariene está ansiosa para apresentar-se pela primeira vez em Juazeiro como artista principal (já esteve antes acompanhando a Timbalada como backing vocal) e presenteará a cidade com o aclamado show do último álbum, “Santo de Casa – Ao Vivo”.

Um espetáculo único, no qual o público terá a oportunidade de fazer um verdadeiro passeio musical pela cultura popular brasileira: do samba de roda, marujada e ternos de reis ao ijexá, coco e maracatu. É a tradição, o gingado, a poesia, a religiosidade e o encanto de Mariene de Castro chegando para iluminar o maior evento musical do Vale do São Francisco.



1 – O fato de ter nascido na Bahia, considerada o berço do samba, influenciou em que sentido nessa sua trajetória de afirmação no mais brasileiro dos ritmos?

Trago no meu sangue e no meu coração o sentimento, a consciência de quem nasceu nesta terra. Que traz a história dos negros com muita força e axé. Sou nascida e criada em Salvador e desde pequena vejo e ouço o samba de roda, as manifestações populares, as festas populares, tudo isso me fez ser a artista que hoje sou. Além de meu coração bater forte com o som das sambadeiras e rezadeiras, dos atabaques e dos alabês. Tudo isso me emociona muito. “Venha ver como é lindo uma preta na roda toda se bulindo, pano da costa do ouro cobrindo o colar”. (Roque Ferreira).


2 – Alguma voz feminina, em especial, encantou-lhe ao ponto de você querer se tornar essa grande cantora que hoje é?

A voz feminina que primeiro me impressionou e me encantou foi a de minha avó! Ela cantava de maneira linda e me fez conhecer ainda bem pequena, Dalva de Oliveira. De lá pra cá outras vozes femininas me emocionaram, como Bethânia, Elis, Marisa e Dona Zezé (rezadeira da igreja do Rosário dos Pretos).

3 – Nos seus dois últimos trabalhos (“Abre Caminho” e “Santo de Casa – Ao Vivo”) há uma forte evidência do samba de roda e dos cantos da religiosidade afro-brasileira. O próximo trabalho continuará nesse caminho ou haverá outras surpresas?

Ainda não sei, mas essa influência é muito forte na minha vida e estará presente em tudo o que eu fizer porque faz parte de mim.

4 – Até os dias atuais consagrados sambistas cariocas continuam fazendo sucesso gravando trabalhos de compositores baianos, no entanto, na Bahia o samba permanece sem a mesma evidência dos outros estilos musicais aqui produzidos. Como Mariene enxerga esse cenário?

Sinto pelo samba na Bahia ainda não ter o mesmo tratamento e reconhecimento que tem no Rio. Como exemplo, temos o carnaval que não é feito pelo samba aqui e lá é a pérola mais nobre da festa.

5 – Apesar disso a juventude baiana parece cada vez mais se reaproximar do samba, não é mesmo?

Verdade. E isso vem ocorrendo nesses últimos 10 anos. Lembro que quando comecei as pessoas ainda não se identificavam tanto e hoje elas sambam com a consciência de que nós somos isso. O samba miúdo, a saia rodada, os braceletes… é a alma do povo que parece que está novamente ficando à mostra. Vejo nos meus shows desde crianças a senhores e meu fã clube é composto por adolescentes estudantes. Certa vez o Roque (Ferreira, compositor baiano) me disse: “Aqui na Bahia as jovens não querem cantar samba, a única menina nova que canta samba aqui é você, todo muito quer ser pop ou axé”. Hoje vejo grupos formados por jovens e isso já é um bom sinal.

5 – Este será o seu primeiro show em Juazeiro e o mesmo acontecerá num espaço cujo nome homenageia João Gilberto, que em junho completará 80 anos de vida e de genialidade. Que referência a artista Mariene de Castro tem desta terra e do seu mais ilustre filho?

Ave Maria! Melhor do que o silêncio só João… como diz Caetano. Eu amo João Gilberto, sou fã, sempre o escutei e aprendi muito com seu jeito único de cantar. Outros homens me inspiram muito, assim como Caymmi e Luiz Gonzaga, estas são as minhas maiores referências. Quanto a Juazeiro, lembro que estive aí quando fazia backing vocal (na Timbalada). Lembro do Vaporzinho, de ter atravessado de barca o São Francisco e foi uma emoção e tanto!

6 – O Festival Nacional Edésio Santos da Canção está homenageando o samba e brindando o público com o show da mais representativa sambista da atualidade. O que o público pode esperar dessa sua aguardada apresentação?

Meu coração, a história desse povo moreno, o sacudir das cadeiras, o nosso samba de roda, a cultura popular nas canções desses baianos que fazem com muita categoria a história da musica popular baiana. Vou cantar o repertório do “Santo de Casa” e espero que o povo dessa casa esteja de coração aberto e com os pés descalços para sentir com emoção a energia do samba.

Um forte abraço. Com carinho e axé!

Mariene de Castro.

 

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