O SENADO = MAIS ESCULHAMBADA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS, DIZ JARBAS VASCONCELOS

Dentro de 15 dias, o Senado deve reacomodar Renan Calheiros na cadeira de presidente, em substituição a José Sarney. Inconformado, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, declarou: “O Senado é igual a mais esculhambada das câmaras municiais do país”.

Jarbas disse em entrevista a Josias de Souza, publicada no seu blog, que a volta de Renan mergulhará o Senado no “imponderável”, e responsabiliza Sarney, “ele conduz a bancada e o próprio Senado como se estivesse no Amapá ou no Maranhão”.

Jarbas foi mais longe e contra a presidente Dilma disse: “É preciso dizer, sem rodeios, que a presidente da República é conivente com tudo isso”.

Quanto ao termo utilizado, “desordens”, o senador disse que: “O termo é forte, mas é isso mesmo o que acontece. Basta observar a condução dos trabalhos no Senado. O plenário está sempre lotado de lobistas, de pessoas que não têm nada a ver com o processo legislativo, a gente mal pode se movimentar. Terminamos o ano de 2012 sem votar o orçamento da União. Descobriu-se que há mais de 3 mil vetos presidenciais sem votar. A desorganização se manifesta nas menores coisas”.

Continuando disse Jarbas, “Nas sessões do final do ano, eu fiz duas ou três intervenções em plenário, irritadiço, porque não se votava nada. Pelo regimento, a Ordem do Dia tem que começar às 16 horas. Dava cinco da tarde, Sarney não aparecia e nada acontecia. Indaguei a quem estava presidindo se haveria votação. E as pessoas respondiam: ‘Estamos aguardando o presidente Sarney’. E eu dizia: não estou perguntando isso. Quero saber se haverá Ordem do Dia e se o horário será cumprido. Isso vai se acumulando e não se vota nada, a não serem as medidas provisórias, que interessam ao Executivo. Pior: quando chegam ao Senado, essas medidas provisórias já estão carregadas de penduricalhos, cheias de ‘jabutis’ colocados dentro delas na Câmara”.

Quanto ao retorno do senador Renan Calheiros a presidência da casa, Jarbas disse: “Vamos mergulhar no imponderável. O episódio da renúncia dele à presidência do Senado aconteceu ontem. Digo ontem por força de expressão. Foi nessa legislatura, que é de oito anos. A coisa é recentíssima. O Renan empurrou com a barriga o calendário para a definição do candidato do PMDB imaginando que conseguiria se livrar das denúncias. É uma estratégia troncha, como dizemos aqui no Nordeste. A coisa agora está em plena ebulição. E vai piorar”.

Perguntado o que Dilma deveria fazer para evitar este fato, o senador respondeu: “Ela se diz uma gerentona, uma mulher dura, inflexível, combativa. Por que não combate isso, por que não enfrenta? Está na metade do governo dela. Por que não chama o feito à ordem? Ela poderia dizer a Sarney e a Renan: ‘Estou vendo os editoriais de jornais, as manifestações de articulistas, as reações da opinião pública. A coisa está à vista de todos. Será que isso vai se acalmar depois de uma vitória de vocês? É evidente que esse lado podre do PMDB pode ignorar o apelo dela. Mas também é evidente que, se eles resolvem esticar a corda, essa corda pode arrebentar. Se arrebentar prejudica o partido e o Congresso. Mas também prejudica o governo”.

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