ELEIÇÕES 2018: #ELE NÃO NO NORDESTE ACONTECE EM QUASE 50 CIDADES; EM PETROLINA A MANIFESTAÇÃO OCORRE NO CENTRO DA CIDADE

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Manifestação deste sábado (29) foi organizada a partir de conversas no grupo “Mulheres unidas contra Bolsonaro” e pode se tornar a maior ato do tipo já feito no Brasil. A oito dias da eleição, cerca de 50 cidades do Nordeste tem neste sábado (29) protestos do movimento #EleNão, contra o candidato do PSL à Presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). O protesto é nacional, acontece em todas as outras capitais do país e terá inclusive atos promovidos fora do Brasil.

A manifestação deve ser a maior já promovida durante uma eleição contra um candidato específico. Na maioria das cidades o protesto começa às 15h, sempre em locais centrais e bastante conhecidos.

O protesto foi organizado a partir do grupo “Mulheres Unidas contra Bolsonaro – Oficial”, aberto no Facebook e que reuniu milhões de pessoas. O protesto ganhou escala em outras redes sociais por meio da hashtag #EleNão. Esse é o mote também de uma campanha online promovida por pessoas de todos os segmentos sociais declarando o porquê de não votar em Jair Bolsonaro.

Paralelo a isso, nos comentários da página no Facebook foi sugerida a realização e um ato e uma data para que ele acontecesse. A partir daí, os grupos locais começaram a se organizar para promover o #EleNão, de maneira independente.

Uma preocupação em comum de todas as organizações é com a segurança. Por conta desse motivo, os atos formaram comissões para garantir a integridade física de todos os participantes.

Também estão sendo distribuídas orientações para garantir que nenhum incidente ocorra. O maior temor é que simpatizantes do candidato do PSL promovam alguma ação contra o #EleNão.

O estado nordestino que terá mais atos é a Bahia, de acordo com informações da organização nacional. Lá serão 19 municípios, com manifestações acontecendo entre 8h e 17h. O segundo estado com mais atos marcados é o Ceará, com nove cidades.

De acordo com informações trocadas no grupo Mulheres contra Bolsonaro, acredita-se que esse será o maior protesto já realizado por mulheres contra um candidato específico e contra o fascismo.

Em Pernambuco, MP de Recife fez recomendação à Polícia Militar

Em Pernambuco, haverá atos em Caruaru, às 13h30; e outro na capital, Recife, às 14h. O primeiro terá concentração na Rua Rui Barbosa, em frente ao INSS. O segundo será na Praça do Derby, no bairro de mesmo nome.

No evento aberto no Facebook para o protesto em Recife, 12 mil pessoas confirmaram presença e outras 20 mil demonstraram interesse em participar.

De acordo com a bacharel em direito e educadora social Elisa Aníbal, 24 anos, na capital o ato sairá do Derby e irá até Praça do Diario (da Independência), bairro de Santo Antônio. Ela explicou que durante o trajeto, pela Avenida Conde da Boa Vista, haverá apresentações culturais.

Por questões de segurança, o Ministério Público publicou no Diário Oficial de Pernambuco uma recomendação para que a Polícia Militar da cidade acompanhe a manifestação e uso da força – caso necessário – para impedir agressões.

Elisa Aníbal, que faz parte do Fórum de Mulheres de Pernambuco, explicou que a recomendação visa a proteção das mulheres, mas que antes disso a comissão de segurança do protesto já havia entrado em contato com a polícia para pedir acompanhamento. Há também um conjunto de orientações de segurança que estão sendo repassadas.

Além disso, o ato em Recife contará com apoio do Sindicato do Policiais Civis da cidade e terá acompanhamento de uma comissão de advogados.

Segundo ela, o protesto deste sábado é uma mostra de que “as mulheres que vão ditar não só o rumo desse eleição, mas o rumo do conservadorismo nesse país”.

““Agora a gente vai a rua contra tudo isso, contra tudo que ele (Bolsonaro) representa”, afirmou. Ela lembrou que jamais na história do Brasil houve um protesto específico contra um candidato que mobilizasse 3 milhões de mulheres.

A educadora observou ainda que o protesto mira um candidato à Presidência, mas é muito maior que isso. Trata-se na verdade de uma luta contra o fascismo e contra todas os retrocessos, agressões e violências das quais as mulheres são vítimas e que, no caso, são representadas por Jair Bolsonaro.

“Esse ato em Recife vem para mostrar que as mulheres estão organizadas há algum tempo contra o fascismo”, disse. E acrescentou: “É um momento histórico que a gente vai mudar o rumo dessas eleições”.

Em João Pessoa (PB), quase sete mil confirmam presença no #EleNão

Em João Pessoa, o protesto #EleNão acontecerá às 15h na Praça da Paz, bairro dos Bancários. O ato será em ponto fixo e contará com atrações culturais. De acordo com a página aberta para o evento no Facebook, 4,7 mil pessoas confirmaram presença e outras 6,9 mil demonstraram interesse.

A exemplo das outras cidades, a segurança é uma preocupação. De acordo com a psicóloga Hildevânia Macêdo, 44 anos, que é da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), o ato conta com comissão de segurança e acompanhamento de advogados.

Segundo ela, há informações de que no mesmo horário, em João Pessoa também pode haver uma manifestação pró-Bolsonaro. E que pessoas ligadas à organização têm recebidos mensagens que tentam criar clima de medo com relação ao protesto.

Para ela, a manifestação deste sábado é uma forma de lutar contra o fascismo e tudo o que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, representa. “As mulheres não aceitam retrocesso em relação aos seus direitos”, afirmou.

De acordo com ela, independente da pressão, o momento pede participação. “É importante participar, estar junto nessas trincheiras. O ato é político e cultural. Contra esse homem que tem um legado de violência. Um homem que estimula a violência, que homenageia torturadores e que quer o armamento livre”, disse. Além de João Pessoa, também haverá atos contra Bolsonaro em outras três cidades paraibanas: Patos e Princesa Isabel, às 8h; e Campina Grande, às 9h.

Na capital de Alagoas, protesto será fixo, na Alagoinha

Em Maceió o evento acontece a partir das 15h em frente ao Alagoinha, na orla da Praia de Ponta Verde, ponto conhecido da capital. De acordo com uma das organizadoras do protesto, são esperadas pelo menos 1.500 pessoas.

“O evento é uma manifestação de todas aquelas mulheres que estão revoltadas com a conduta misógina, racista, homofóbica e preconceituosa do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro”, disse a funcionário pública Andrezza Lopes. Segundo ela, “as pessoas que estão se mobilizando para participar da manifestação não têm cunho partidário”. “São pessoas com diferentes ideologias políticas, mas em comum o desejo por um país que não seja um país de excluídos”, explicou.

Para Andrezza Lopes, o protesto é momento de firmar posição contra o que o candidato representa. “Nós reconhecemos os erros do passado, eles são reais, não foram fictícios, e temos que tentar saná-los com paz e harmonia, com boas políticas públicas. Queremos um governo que veja o pobre como prioridade”, acrescentou.

A funcionária pública disse ainda que participarão do #EleNão mulheres que querem mostrar a força feminina. “Somos professoras, sociólogas, servidoras públicas, estudantes, integrantes de movimentos negro, LGBT, militantes e apoiadas por homens que estão indignados com a situação”, definiu.

Em Natal, mais de 12 mil pessoas sinalizam intenção de participar do #EleNão

Na capital do Rio Grande do Norte, o protesto #EleNão está previsto para começar às 15h, no cruzamento das avenidas senador Salgado Filho e Bernardo Vieira, ao lado do shopping Midway Mall, na Zona Lesta da cidade.

Na página do evento criado no Facebook, 5,5 mil pessoas confirmaram presença e outras 7,9 mil demonstraram interesse. A organização do ato, entretanto, estima que 10 mil pessoas participarão da manifestação.

De acordo com a assistente social Jéssica Augusto dos Santos, a ideia é que o protesto seja fixo nesse lugar. “Por questão de segurança e para facilitar a participação de mais mulheres”, disse, referindo-se às idosas e às que estiverem com crianças de colo.

Segundo ela, o protesto é a forma de dizer que as mulheres “não vão aceitar ter seus direitos cerceados”. “Dia 29 daremos esse recados nas ruas, e dia 7 de outubro vamos dar nosso recado nas urnas”, afirmou.

“Eu acho que é momento da gente expressar nossa indignação contra toda essa conjuntura de violência que vivemos. A gente tem feito isso nas redes sociais e amanhã vai ser o momento ocupar as ruas com nossa mensagem”, acrescentou.

A organizadora explicou ainda que o ato em Natal conta com uma comissão de segurança que tomou todos os cuidados para que o protesto ocorra de modo seguro.

Ela disse ainda que esse movimento das mulheres tem de ser mantido para além das eleições. “Essa manifestação tem que ser para além do período eleitoral. Tem de continuar para barrar qualquer tentativa de cercear nossos direitos. Para além de Bolsonaro, precisamos ficar atentas”, disse.

Fonte: OP9