Os perigos de viver na rua
A série de reportagens do blogQSP sobre a vida dos moradores de rua de Juazeiro continua. Nesse segunda matéria mostraremos um pouco mais do universo violento que envolve essas pessoas.
A vida na rua é cheia de perigos. No início da semana uma jovem foi estuprada e brutalmente agredida, no centro de Juazeiro, por homens que ainda não foram identificados. Na maioria das vezes, as agressões são motivadas pelo uso de drogas, como foi o caso do adolescente Bruno Dantas Leite, 15 anos, morto a pedrada em dezembro do ano passado. Quando o uso de drogas não é o fator principal das agressões, o preconceito é quem toma à frente. Para alguns moradores de rua eles são quem mais sofrem todo tipo de violência.
Morando nas ruas de Juazeiro há nove anos, Meuri Pereira, 46, diz que já viu muitas coisas ruins. A lista da sem-teto vai dos abusos sexuais até a fome. “Já vi muito abuso sexual, criminalidade, fome também. Essas são as dificuldades de viver na rua. É esperar e ver o que Deus tem pra fazer”, lamenta.
A violência que envolve o mundo dos moradores de rua também termina fazendo refém o restante da população. À noite é comum ver, principalmente as mulheres, com medo de passar pelos locais onde os grupos de sem-teto vivem. Uma jovem que não quis se identificar disse que prefere mudar o seu trajeto ao ter que passar nesses lugares. “Prefiro mudar de caminho. Tenho muito medo da violência, não sei se um deles pode estar drogado”, confessa.
Já o funcionário público, Salvador Batista de Oliveira, 63, diz que a praça em frente à antiga prefeitura está uma vergonha. Para Salvador, o problema acontece pelo fato das pessoas serem “jogadas” na cidade. “Juazeiro é um campo de batalhas pra ficar recebendo essas coisas que vem lá de fora? Até quando as autoridades vão ficar sem fazer nada?”, questiona.
O funcionário público também afirma que os moradores de rua não respeitam ninguém. “Fica a maior esculhambação e é na frente da prefeitura. Eles não respeitam ninguém”, dispara Salvador.
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