O EX-DEPUTADO OSVALDO COELHO ESTÁ FAZENDO MUITA FALTA

A aposentadoria do Deputado Osvaldo Coelho calou a principal voz do Congresso Nacional que clamava por mais irrigação no Semiárido Nordestino.

Em seu ultimo pronunciamento na Câmara dos Deputados intitulado “Reclamos do Semiárido – Fim das Desigualdades Regionais”, ele foi aparteado por nada menos do que 17 parlamentares, tomando todo o tempo do grande expediente e mais o tempo destinado à liderança do PFL. Na ocasião, sua luta pela irrigação como ferramenta para desenvolver o Semiárido foi reconhecida por todos.

A luta de Osvaldo Coelho não foi em vão. Quando Deputado, costumava dizer: “Fiz todo possível para que o sertão tivesse um sonho melhor e consegui várias conquistas. Hoje, a região que represento é dotada de um aeroporto internacional, uma universidade federal, um Instituto Federal com 05 campi. Petrolina também é conhecida, nacionalmente, como a capital da irrigação”.

Realmente, os projetos de irrigação construídos pelo poder publico, no período 1970 a 2002, fez de Petrolina o principal polo produtor de frutas e hortaliças irrigadas do país. Esta condição reflete positivamente na economia do Município. De acordo com IBGE, em 2000, Petrolina ocupou a oitava posição no PIB Agropecuário do Brasil. Em 2006, passou a quarta posição. Em 2008, ocupou a terceira posição. Em 2011, voltou a ocupar a terceira posição com 658 milhões de reais. O IBGE, também, confirma que Petrolina é o único município de Pernambuco dentre os 100 maiores em relação ao valor do PIB Agropecuário.

A riqueza da agropecuária de Petrolina, cerca de 700 milhões de reais, em 2011, vem da produção de goiaba, manga, uva, coco, banana, acerola, em função da produção de frutas e hortaliças irrigadas.

Parece que o exemplo de Petrolina e outros municípios, onde o Governo Federal implantou projeto públicos de irrigação, não serve para nada. Não há explicação para que o Governo Federal não concentre esforços e dissemine a agricultura irrigada para outras áreas do Semiárido.

A população do Semiárido está padecendo com a ocorrência de mais uma seca na região. Não vejo, não ouço os parlamentares pedirem mais irrigação para o Semiárido, única solução para gerar riqueza nas regiões áridas e semiáridas do mundo. É assim que se fez no Oeste Americano, no Noroeste do México, nas áreas desérticas da China e da Índia, na Espanha, no Peru, na Argentina, no Chile, em todo mundo, mas no Brasil, para os nossos governantes, irrigação é palavra feia.


No dia 21 de março deste ano, um senador do Piauí ocupou a tribuna para denunciar a seca no seu estado e pediu o empenho de todos, prefeitos, órgãos do Governo Estadual e Federal para que os agricultores da região semiárida sejam socorridos, beneficiados pelo “seguro safra”, e argumentava dizendo: os agricultores do Piauí não perderam suas safras, simplesmente, não chegaram a plantar porque não choveu. Oportuno salientar que a falta de chuvas no semiárido é o normal. Na região, a cada 10 anos, se colhem 3 safras de 380 kg de feijão ou 600 kg de milho.

Sobre a possibilidade de irrigação no Piauí, a revista Caderno do Nordeste afirma: “a terra rachada pela falta de água em cima e um rio abundante logo abaixo”. A imagem bem que poderia ilustrar mais uma contradição vivenciada no sertão nordestino. Castigada pela seca, a região abrange 22% dos 58 trilhões de metros cúbicos das águas subterrâneas do Brasil.

Osvaldo Coelho continua em plena atividade, como o apóstolo Paulo, combatendo o bom combate pelas causas do Semiárido, principalmente pelo Vale do São Francisco. Compreende-se o quanto a sua saída no Congresso Nacional calou a voz da irrigação.


Antônio José Simões

Agrônomo e Ex-diretor da EMBRAPA e da CODEVASF


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