Representantes de associações, cooperativas, prefeituras municipais, ONGs e sindicatos dos 10 municípios que compõe o Território Sertão do São Francisco participaram na manhã desta quarta-feira (9), no auditório do Rapport Hotel, em Juazeiro, da 1ª Oficina para Compra Emergencial da Caprinovinocultura da Agricultura Familiar do Território Sertão do São Francisco para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).O encontro teve como objetivo, viabilizar a compra de carnes de caprinos e ovinos da agricultura familiar por meio do PAA, via doação simultânea, tendo em vista a estiagem prolongada que vem afetando regiões semiáridas da Bahia. “Por conta da estiagem os animais existentes na região estão perdendo peso, e provavelmente daqui a 3, 4 meses não estejam mais sadios para o abate. A nossa preocupação é organizar o quanto antes as associações de produtores de caprinos e ovinos, para podermos, através dos frigoríficos de Juazeiro (Abatal e LAMM) realizar o abate desses animais de forma inspecionada, evitando assim o abate clandestino e diminuindo os riscos a saúde pública”, destacou Guilherme Cerqueira, consultor da SEAGRI.
No PAA Emergencial cada agricultor familiar poderá comercializar R$4500 por ano, sendo que o quilo da carne será comprado pela CONAB por R$ 9,50, “sabemos que o preço da carne de bode no supermercado hoje está um pouco mais alto; mas em compensação na clandestinidade o valor está muito mais baixo; então esse valor assegura um preço justo para o agricultor e garante que ele possa pagar as despesas administrativas, com o transporte e com o próprio abate; além disso, a Seagri junto com as prefeituras do território irá arcar com parte da despesa relacionada ao transporte dos animais”, informou Guilherme
O programa irá funcionar da seguinte forma: o produtor irá abater o seu animal (caprino e ovino) nos matadouros municipais, e a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) comprará essa carne, devidamente inspecionada, para doar às entidades (creches, asilos, escolas públicas, restaurantes populares, hospitais, instituições de amparo a deficientes, etc.) dos municípios participantes, “com isso tanto o produtor será beneficiado com a comercializar da carne; quanto à sociedade, que receberá o produto (através das entidades beneficentes), de graça”, explicou Tiago Pereira da Costa, coordenador do setor de produção do IRPAA.
O PAA tem como objetivos: garantir o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional; contribuir para formação de estoques estratégicos; e promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar. O Programa adquire alimentos com dispensa de licitação de agricultores familiares e os destina às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional atendidas por programas sociais locais.
As Prefeituras, EBDA, IRPAA e CONAB têm o papel de contribuir e coordenar para viabilizar os acessos da realização do negócio, favorecendo o agricultor familiar. “É um programa da Conab, do Ministério do Desenvolvimento Social e governo estadual em conseqüência da seca. É uma linha de trabalho que já vinha sendo trabalhada, e em virtude da seca, acelerou”, esclareceu Sérgio Carlos de Almeida, Técnico de Desenvolvimento Rural da EBDA.
Para o técnico da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, José Wilson Chaves (Chaveco), a inclusão da carne caprina e ovina no PAA é de fundamental importância. “Muitas vezes é no momento de dificuldade que se cria oportunidade de negócios, como nesse caso, em que os produtores estão sofrendo com a seca na região. Acredito que através dessa oportunidade os agricultores familiares irão buscar produzir e vender de forma organizada, agregando valor a seus produtos, valorizando essa atividade que é lucrativa. Um momento como esse de discussão e de ampliação da caprinovinocultura é importante para que o pequeno se dê conta da importância do setor”, declarou.