Por Tauan Saturnino
Da Folha de Pernambuco
O ano de 2015 foi marcado por vários debates e polêmicas envolvendo a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Desde o início da atual legislatura, situações como a eleição da Mesa Diretora, que reconduziu o deputado Guilherme Uchoa (PDT) pela quinta vez consecutiva à presidência da Casa, o debate envolvendo o Plano Estadual de Educação, rejeitado, em parte, pela bancada evangélica; a tentativa mal sucedida de criação de uma Frente LGBT no órgão, a discussão sobre o pacote de aumento de impostos estaduais, entre outros assuntos, foram alvos de calorosos debates que envolveram, em maior ou menor grau, os 16 deputados em primeiro mandato na Casa.
Escolhido como vice-líder do governo na Alepe, o deputado estadual Lucas Ramos (PSB) disse que a experiência enquanto deputado foi proveitosa e favoreceu seu crescimento profissional e político. O socialista, que teve sua primeira experiência em cargo eletivo na própria Alepe, disse se inspirar na figura do líder do governo na Casa, Waldemar Borges (PSB), para se posicionar e elogiou a atuação da oposição durante o ano de 2015.
“Particularmente aprendi muito com a atuação do líder de governo, sempre ferino, mas, ao mesmo tempo, alinhado com o Palácio e dominando a pauta das mais diversas secretarias para prestar contas na Tribuna.
Foi um ano desafiador e atípico. Comparando as duas legislaturas, que coincidiram com os mandatos de Eduardo Campos (PSB), com a atual, vemos uma Alepe menos alinhada com o Palácio do Campo das Princesas. O crescimento da oposição favoreceu o debate dos projetos e em alguns setores.
Na minha opinião, isso engrandeceu a atuação da Casa. Os debates foram ricos, hora mais acalorados, mas sempre com muita sobriedade. Vimos no último trimestre do ano as discussões se regionalizarem na Casa, por conta de alguns deputados que querem disputar prefeitura em 2016”, comentou.
Independente
Já a deputada Priscila Krause (DEM), única parlamentar a se colocar como independente em relação à bancadas do governo e oposição, comparou a experiência como vereadora do Recife com o trabalho na Alepe e disse que, por se perfil de fiscalização, terminou por se aproximar mais vezes da bancada de oposição que dos governistas.
“Um ambiente diferente por que retrata uma diversidade maior já que temos representantes de diversas regiões. Na Câmara, há um pauta mais objetiva, que diz respeito a um universo geograficamente mais localizado. Na Assembleia as vozes e os discursos são múltiplos e é preciso ter um foco mais apurado para as nossas áreas de atuação. Por seguir uma coerência do meu trabalho de fiscalização, muita vezes dialoguei mais com a oposição, mas sem alinhamentos automáticos”, comentou.
Limitações
O deputado estadual Joel da Harpa (PROS), que marcou seu primeiro ano na Alepe com declarações polêmicas como a de que “bandido que troca tiro com a polícia tem que morrer” se mostrou satisfeito com sua atuação na Casa, embora tenha afirmado se sentir frustrado com o impedimento de propor leis que onerem o Executivo estadual.
“Não tive dificuldade em me situar na Alepe e nem com meus colegas. Para mim, o mais complicado foi não poder legislar em matéria financeira. Isso engessa o trabalho de um deputado e reduz o debate. Os projetos terminam barrados na Comissão de Constituição e Justiça e não chegam a ir para o plenário. Me sinto bem por cumprir meu papel, mas frustrado pelos limites constitucionais” afirmou.
Evangélicos
Já o deputado André Ferreira (PMDB), que assim como Priscila Krause foi vereador no Recife antes de se eleger deputado estadual em 2014, disse estar acostumado com essa vedação. “questão da proibição de fazer leis que onerem financeiramente o Estado limita bastante. Entretanto, isso também ocorre na Câmara do Recife. É difícil, mas não posso reclamar, pois sabia que seria assim”, disse.


