CIDADES COBERTAS A DÉCADAS PELO LAGO VOLTARAM A TONA

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Remanso  Antigo             Foto Google

José RaimundoSanto Sé, BA/JH

Sobradinho, a maior represa do Rio São Francisco e de todo o Nordeste, está morrendo. Depois de três anos de seca, cidades fantasmas, que passaram décadas encobertas pela água, voltaram à tona.

Não se vê uma folha verde na caatinga, o pasto acabou, animais estão morrendo, plantações não resistiram. O lago, que ficava ao alcance dos olhos, se afastou tanto que agora se chega de carro onde barcos navegavam.

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Casa Nova Antiga     Foto Google

O mar de água doce, que se espalhava por mais de 300 quilômetros, está irreconhecível. O lago de Sobradinho nunca foi visto assim desde que se formou. A seca está revelando lugares que ficavam submersos.

Sente Sé, Pilão Arcado, Remando e Casa Nova foram inundadas há quase 40 anos. Na época, mais de 70 mil pessoas foram obrigadas a se mudar para as novas cidades construídas com o mesmo nome e fora do alcance das águas, represadas pela barragem de Sobradinho.

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Ruínas de Sento-Sé Foto Google

 A pior seca dos últimos 50 anos ameaça milhares de trabalhadores rurais. As cidades e os agricultores que dependiam da represa de Sobradinho não têm mais de onde tirar água.

Depois de 3 anos sem chover, quem cresceu no sertão que virou mar, agora vê a caatinga ressurgir no leito seco do lago e convive com um calor de mais de 40ºC. As comunidades do entorno, que ficavam a metros da água, agora estão a quilômetros de distância.

Muitas cidades foram obrigadas a adaptar estações de abastecimento. Não há como bombear a água nos pontos originais. Os carros-pipa, em vários pontos de captação, são um exemplo revoltante do desperdício. Eles não pagam nada para encher os tanques, mas cobram caro para matar a sede das famílias. “Mil litros de água custam R$ 30. Pago isso umas quatro vezes no mês”, relata a dona de casa Alice Cipriano Rocha.

Tão difícil quanto ter a casa abastecida de água é colher o que plantou. Os produtores estavam acostumados a molhar seus plantios a cada dois dias. Depois, uma vez por semana. Hoje, muitos deles não conseguem de jeito nenhum.

Pequenos produtores chegaram a emendar tubos para tentar buscar a água, mas acabaram desistindo. Um canal de mais de três quilômetros está sendo aberto para alimentar o maior projeto irrigado da região. A fruticultura no Vale do São Francisco emprega 250 mil pessoas. Se a obra não ficar pronta, haverá racionamento de água nos 23 mil hectares de frutas.

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