Numa noite marcada pela emoção, encontros e reencontros, no sábado, 24, aconteceu a inauguração da escultura de João Gilberto, localizada na Orla 2 da cidade. Ao som do apito do vapor Saldanha Marinho – que passou por recente novas melhorias – o badalado evento atraiu um grande público, formado por pessoas de diferentes gerações.
A professora aposentada Antonila da França Cardoso – membro da Academia Juazeirense de Letras e amiga da família de João Gilberto – fez um chamamento à compreensão da personalidade do consagrado artista. “Uma fatia da população insiste em fazer comparações e afirmações infundadas, sem entender que João é, desde sempre, uma pessoa introvertida. Foi no silêncio que ele encontrou e desenvolveu sua genialidade e até hoje é aclamado por músicos do mundo todo. Por isso, vamos aproveitar esse momento precioso, essa primeira homenagem digna e pública que o artista já recebeu em Juazeiro”, declarou Antonila.
A professora lembrou ainda a eternidade do ilustre juazeirense, como prova a Enciclopédia de Música Brasileira, que abre suas páginas com a seguinte frase: “A MPB divide-se em duas partes. Antes e depois de João Gilberto”. Representando o ‘Papa da Bossa Nova’, as irmãs Maria Oliveira (Dadainha) e Maria Olívia (Olivinha), visivelmente emocionadas, revelaram que João havia telefonado pelo menos cinco vezes naquele mesmo dia, falando da alegria por estar sendo homenageado em sua cidade.
O prefeito Isaac Carvalho, acompanhado da esposa, do vice-prefeito Francisco Oliveira e de toda a equipe de Governo, recebeu os agradecimentos da família e amigos de João pela iniciativa. Um declarado entusiasta e incentivador da cultura juazeirense, além de colaborar ativamente com a gestão municipal, o deputado estadual Zó foi enfático. “Isaac já pode ser chamado de o ‘Vaqueiro Bossa Nova’, pois desde quando estive secretário em 2011, o município tem realizado merecidas homenagens a esse que é o maior ícone da música brasileira, nascido aqui em Juazeiro. Parabéns, prefeito”.
A Praça do Vaporzinho foi tomada por admiradores antigos e novos fãs de João Gilberto, além de inúmeras crianças. Os músicos finalistas do Festival Edésio Santos também participaram da homenagem ao artista que tanto os inspira. Maurício Dias Cordeiro, o popular “Mauriçola”, que nunca escondeu ser um dos mais fervorosos amantes da obra de João Gilberto – de quem ficou amigo pela ‘lei natural dos encontros’ nas noites boêmias da cidade – aproveitou o momento para entregar a proposta do projeto do Festival Internacional da Bossa Nova.
“Entrego essa ideia ao prefeito Isaac porque tenho certeza de que ele é um grande empreendedor em todas as áreas e aproveito para parabenizá-lo por ter sido o único a ter a coragem de enxergar a real dimensão que João Gilberto tem”, elogiou Maurício, que depois brindou o público com alguns clássicos da Bossa Nova ao lado do também músico Fred Pontes.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Carlos Neiva, responsável por coordenar o projeto da escultura, leu um texto no qual o homenageado revela seu amor por Juazeiro. “Isso nos faz refletir o quanto precisamos exaltar ainda em vida as pessoas que contribuem e amam nossa cidade. Eu fico muito feliz por estar fazendo parte deste momento histórico o qual Juazeiro vive. E esta escultura é mais uma grande conquista que incrementará ainda mais o nosso turismo e, consequentemente, a nossa economia”, frisou Neiva.
O momento mais aguardado da noite aconteceu com descerramento do pano que cobria a escultura, quando todos puderam contemplar a beleza da obra. Confeccionada em bronze clássico e intitulada ‘Um banquinho, um violão’, é assinada pelo renomado escultor mineiro Léo Santana. “Meu ofício é retratar pessoas e nessa escultura de João eu consegui um resultado muito rico em detalhes. É uma honra poder retratar um artista com um valor tão imensurável para o Brasil e para o mundo”, disse o autor, que participa de uma exposição no Rio de Janeiro e não pôde estar presente.
As irmãs de João Gilberto, o prefeito Isaac, o secretário Carlos Neiva e o deputado Zó foram os primeiros a fazer fotos e selfies no banquinho ao lado da escultura. Em seguida, o concorrido ato foi repetido por todas as pessoas presentes, numa entusiasmada busca por eternizar a lembrança de uma proximidade simbólica com o genial artista.
Isaac destacou que não é preciso inventar muitas coisas, mas potencializar o que já tem força no município, a exemplo da cultura, do esporte e das potencialidades da agricultura, além do rio São Francisco. “Não somente essa escultura, mas todas as merecidas homenagens que fizermos a João Gilberto também servirão para contribuir com o turismo atraindo visitantes de vários países. Juazeiro que já se destaca em todo o Brasil na geração de empregos e com essa valorização e investimento na cultura também terá sua economia ainda mais fortalecida”, frisou.
Luiz Hélio/PMJ