Produtores e representantes das empresas que fazem parte do perímetro irrigado Salitre participaram nesta semana de uma apresentação no auditório da 6ª superintendência regional da Codevasf em Juazeiro (BA) sobre a experiência de implantação e funcionamento do Distrito de Irrigação de Maniçoba (DIM), considerado um modelo de gestão pública no norte baiano.
O gerente executivo do Maniçoba, Valter Matias de Alencar, fez uma palestra contando as experiências passadas à frente da administração daquele empreendimento agrícola. O objetivo foi demonstrar aos irrigantes do Salitre quais os passos que eles devem seguir para a criação e consolidação de um Distrito de Irrigação no perímetro do qual fazem parte.
A apresentação foi incluída em uma série de encontros entre os técnicos da Codevasf e os irrigantes do Salitre, que estão em processo de criação do Distrito, previsto para entrar em funcionamento em 2016. Na abertura do encontro, o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Alaôr Grangeon de Siqueira, contou um pouco de sua experiência como representante da Companhia junto ao Maniçoba e como foi o trabalho de implantação do DIM.
Segundo Alaôr, “a criação de um Distrito de Irrigação é a saída para os produtores e para o governo também, porque os produtores assumem para si uma estrutura que foi criada para eles, e que passam a ter essa responsabilidade e podem diminuir bastante os custos de operação e manutenção no perímetro, além disso eles trabalham com a assessoria da Codevasf, que sempre fez parte do Conselho de Administração”.
O representante da Companhia no novo distrito será o técnico Júlio Cesar da Silva Santos, da Unidade de Apoio a Produção da Gerência Regional de Irrigação (6ª GRI/UAP). Durante o encontro, ele fez uma explanação dos procedimentos administrativos e legais que devem ser seguidos pelos irrigantes para a legalização da entidade representativa.
Basicamente, o distrito vai ser criado através da associação de todos os irrigantes e a partir de uma assembléia geral, onde todos concordarão com o novo modelo de gestão. Apoiados pela Codevasf, os primeiros passos já estão sendo dados, e várias reuniões estão sendo realizadas no sentido de promover essa integração e viabilizar o consenso entre os pequenos, médios e grande empreendedores agrícolas.
Sobre essa experiência, o gerente executivo do Maniçoba iniciou sua palestra relembrando aos expectadores do Salitre a sua chegada ao perímetro há 28 anos, quando começou a trabalhar como estagiário, passando a técnico agrícola, depois a gerente de uma unidade de produção e administração, e há sete anos, já graduado em administração de empresas, assumiu a gerência executiva do DIM. Valter Matias lembrou que “naquela época o distrito estava em uma situação delicada, prestes a sofrer uma intervenção, com dívidas junto ao INSS, com máquinas sucateadas, e outros problemas, mas nós conseguimos reverter toda a situação, e hoje nós temos um distrito bem estruturado, que conta com a aprovação de todos os produtores”.
Ele destacou na palestra que “Maniçoba foi construído pela Codevasf para irrigar 4.367 hectares (década de 80) e hoje nós estamos irrigando 8.400 hectares. Aumentamos sua área produtiva, a produtividade, e também a renda das famílias, o que mudou bastante a qualidade de vida dos nossos produtores. Para se ter uma idéia, somente na área agrícola do perímetro, hoje nós temos uma geração de 5.500 empregos. Aqui produzimos, por exemplo, 141 mil toneladas de cana de açúcar por ano, e em torno de 90 mil toneladas de manga”.
O gerente calcula que “nós temos hoje algo em torno de 600 lotes agrícolas, sendo 48 destinados a empresas, e os demais praticam a agricultura familiar. São famílias que conseguiram uma boa estrutura e hoje já são considerados pequenos empreendedores”.
Valter afirmou que hoje a tarifa de água paga pelo Maniçoba é uma das mais baratas entre todos os perímetros de irrigação na região, e que tem mantido essa estrutura toda com 50 funcionários pagos pelo distrito. A folha de pagamento gira em torno de R$ 60 mil sem os encargos sociais, que somam cerca de R$ 40 mil.
O Maniçoba também gerou desenvolvimento urbano em torno do perímetro. Valter Matias afirma que “construídos pela Codevasf nós temos dois núcleos habitacionais, mais há outras vilas que se desenvolveram por aqui, como Lagoa da Pedra, Campos, Jazida Sete, Conchas e Jatobá”.
Para encerrar apresentação, o gerente do DIM afirmou que Maniçoba tem hoje uma estrutura maior que algumas cidades baianas, e arriscou a dizer que “Maniçoba espera uma possível emancipação. Esse é o desejo de muitos produtores e moradores aqui dessa região”.
Valter, que já foi agraciado com o título de Cidadão Juazeirense, deixou um conselho aos futuros integrantes do Distrito do Salitre: “que eles possam realmente abraçar esta causa sem medo, porque um distrito, mesmo apesar de alguma crise que eles possam enfrentar, o distrito é a maneira mais econômica, mais prática para se administra e se gerir um perímetro”.
Além desta apresentação, a superintendência regional da Codevasf em Juazeiro deverá promover até o final deste ano outros eventos com assuntos de interesse dos produtores do Salitre com o objetivo de fundamentar e agilizar a implantação de um distrito de irrigação.
