Assim como aconteceu com a ocupação, da mesma forma foi a saída do Exército da Ilha da Fogo, cheia de indignação e surpresa para toda a população ribeirinha. Ao requerer a posse da Ilha do Fogo no ano de 2010, quando da liquidação da FRANAVE, o Exército usou o argumento de que ali se instalaria uma base de apoio a revitalização do velho Chico. O então coronel Helveltius, comandante do 72 BIMtz, em parceria com prefeitura de Petrolina, do então prefeito Guilherme Coelho se articularam para ter a posse e desenvolver o “projeto” de revitalização do rio, o que nunca aconteceu.
A ocupação pareceu que seria somente do lado onde ficava a Franave, o lado onde o povo utilizava não seria ocupado. A população foi surpreendida no ano de 2012 com a ocupação do Exército pondo grades e utilizando homens fortemente armados para ocupação da ilha onde o povo utilizava. Foi o mesmo modus operandis das ocupações nos morros cariocas.
Durante mais de um ano a comunidade ribeirinha ficou impedida de exercer o seu direito constitucional ao lazer, ao entretenimento, a cultura. Depois de toda uma mobilização popular articulada pelo Coletivo de Amigos da Ilha, a Superintendência de Patrimônio da União, em Recife, publicou no Diário Oficial, que a ilha deveria ser aberta provisoriamente aos feriados e finais de semana, enquanto se construiria um projeto urbanístico para o povo a utilizá-la integralmente.
O Coletivo sempre pautou todo o movimento popular para a construção de um projeto urbanístico para a ilha do Fogo, abordando os aspectos de segurança, de infraestrutura, acessibilidade e da preservação ambiental. Nesse sentido o Ministério Público Federal designou no ano de 2103 a Univasf para coordenar num prazo de seis meses a construção de um projeto urbanístico básico para a ilha do Fogo. O projeto foi finalizado com a participação das prefeituras, do IFsertão, do Coletivo, da Associação de Pescadores e DCE do curso de Ciências Sociais da Univasf.
Há mais de seis que o Exército cogita a possibilidade de passar a posse da ilha para a prefeitura de Petrolina, esta por sua vez diz que estava aguardando decisão da SPURecife. No mês de maio do corrente ano a ilha foi novamente fechada para o lazer da população sob o argumento de que o Exército não tinha como prover a segurança dos banhistas. Agora o Exército abandona a ilha da pior forma, sem a formalidade legal de entregar um imóvel público que estava sob a sua guarda a outro ente público. A ilha se encontra em total estado de abandono e totalmente pior do que antes da ocupação do Exército.
Por fim, encaminharemos denúncia de crime contra o bem público ao Ministério Público Federal e a Secretaria de Patrimônio de União em Brasília, relatando todo abandono da ilha do Fogo e os possíveis danos e consequências da ação do Exército e da Prefeitura de Petrolina para população ribeirinha.
Coletivo da Ilha

