O frio típico das noites do Sertão pernambucano não impediu que os petrolinenses comparecessem e se emocionassem com o concerto da Orquestra Criança Cidadã ocorrido na última sexta-feira (22), na tradicional Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, padroeira da cidade – foi ao redor de sua construção que a população começou a se estabelecer, em 1870.
Parte da Turnê Brasil do grupo recifense, a apresentação celebrou a música popular brasileira e a clássica inglesa. Neste sábado (23), o grupo segue para Salgueiro, tocando na Igreja do Perpétuo Socorro, às 19h.
Em Petrolina, o evento, com teor didático, contou com explanações do maestro Nilson Galvão Jr. acerca das escolas artísticas contempladas. Munidos de repertório eclético, marca da Criança Cidadã, os 40 músicos executaram obras românticas e neoclássicas dos britânicos Gustav Holst e Benjamin Britten, seguidas pela regionalidade de Clóvis Pereira, Dominguinhos, Ary Barroso e Luiz Gonzaga, entre outros grandes compositores.
“Na Orquestra, nós apostamos no que Villa-Lobos fazia: unir o popular ao erudito, assim como o fez Ariano Suassuna e Clóvis Pereira, no Movimento Armorial”, explicou Nilson Galvão Jr.
Bastante envolvida pela apresentação, a professora da rede pública estadual e municipal de Petrolina Mariza Novaes, 43, comentou que era a segunda vez que assistia a um concerto clássico no município e a primeira vez que conferia, ao vivo, uma performance da Orquestra Cidadã. “Eu me emociono com tudo o que remete a tirar crianças da vulnerabilidade. São jovens que poderiam estar vivendo no risco e estão produzindo coisas belíssimas. Infelizmente, os valores estão invertidos. Quem dera as pessoas tivessem sensibilidade para isso, para valorizar outras linguagens artísticas. Na escola, estamos bitolados às artes plásticas, mas existem outras formas de arte, como a música, e tudo se relaciona entre si”, apontou a docente.
Mariza sugeriu que, no próximo concerto da Orquestra em Petrolina, o projeto articulasse performances didáticas para alunos das escolas públicas. “Estamos próximos a Juazeiro, então a influência da música baiana é muito grande. No Carnaval, quase ninguém reconhece o frevo. Devíamos valorizar mais a música pernambucana, que é o que vocês fazem”, disse. Resumindo a atmosfera do local, a professora concluiu: “essa música alimenta a minha alma. O ar celestial deve ser assim”.
Primeiro projeto de circulação nacional do grupo pernambucano, a Turnê Brasil é patrocinada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet.
Fotos: Macamba

