MÃE DENUNCIA TRATAMENTO DE “INTIMIDADE” DE SERVIDOR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO COM SUA FILHA

*Nilda Rodrigues

blogqspreclamação0

Este relato é um misto de agradecimento a Deus pelo livramento domingo, e de revolta pelo que aconteceu no Dia Internacional da Mulher, onde minha filha e o namorado estavam, costumeiramente, tirando coco no coqueiro daqui de casa; ela, segurando a escada, ele lá em cima.

Um coco maduríssimo, grande, mal foi tocado por Leonardo, e despencou lá de cima, quicou na cabeça dele e veio em direção da cabeça da minha filha que teve um desmaio instantâneo. Tentamos reanimá-la com bastante gelo, água gelada na cabeça, mas levamos logo para a UPA de Juazeiro, onde o médico que nos recebeu dignamente, pediu que a levássemos para o Hospital de Traumas.

Não precisamos descrever que as dores eram intensas. Dá para qualquer ser humano imaginar o que a Física muito bem explica. Mas, os profissionais de saúde de ontem parece ter faltado a essas aulas, pois, ao chegar lá no Traumas, fizeram chacotas do ocorrido. Primeiro, minha filha mal podia falar. Não pude entrar – já começa daí a desumanização. As palavras mal balbuciadas por minha filha eram interpeladas por uma enfermeira grosseira que dizia: – FALE ALTO!

Minha filha se esforçava para dizer que não podia, e essa ‘profissional’ dizia: – COMO??? Como é o seu nome??? (Isso bem alto mesmo – e ela e mais uma meia-dúzia pelo menos se contorcendo de dor ali). Um grupinho delas ficaram ao redor da maca, só observando para depois tecer comentários, piadas…tipo: devia ter aproveitado e bebia a água do coco. Um ‘profissional’, com uma delicadeza de um rinoceronte veio colocar o colete cervical – ela com ânsia de vômito, gemia, chorava de dor e pedia para ele ter cuidado. Levantou a cabeça dela, a inclinou até colocar o queixo no peito.

Outra enfermeira grosseira fez pouco caso diversas vezes da minha filha, espalhando para os colegas em alto som que ‘nunca ouviu dizer que o coco na cabeça fazia a pessoa desmaiar’ ou, ‘que menina mole, isso é frescura’, ‘cabeça-dura’. Apenas UMA voz de homem, e sensata, ela pode ouvir dizer: ‘Gente, um coqueiro é alto, a pancada é grande’. Apenas esta criatura, que não sabemos dar nomes, afinal, era minha filha naquela sala, sendo mal atendida, e eu, do lado de fora, à espera de notícias.

Vez ou outra batia na porta e era mal atendida também, com aquele olhar de desprezo, desdém, com aquela ‘falsa formalidade’ decorada que me dizia: – Senhora, Glenda ESTÁ fazendo tomografia. De outra vez que bati, já disseram, que ‘Glenda ia fazer a tomografia’. Ou seja, brincam com os sentimentos das pessoas, na cara dura, uns desumanos, covardes, maus profissionais.

A todo instante chegavam ambulâncias, carro da polícia, bombeiro…batiam na porta da emergência, era quando os parentes davam uma espiadinha rápida. Do lado de dentro  uma voz feminina falava: Toda hora batem no car**** dessa porta! Abra ali!

Outro fato triste, é que, enquanto ‘curtia’ sua dor, minha filha sentiu alguém alisar sua perna. (Do jeito que ela estava, de short a levamos, mesmo assim, ainda que estivesse de BURCA ninguém tem o direito de alisar a perna de paciente) E, durante o trajeto e na sala da tomografia o MAQUEIRO a chamava sempre de GATINHA. Minha filha sentiu medo em ficar na sala com aquele homem que a tratava por GATINHA a todo instante.

Tamanho descaso. Gritante o desrespeito em pleno Dia Internacional da Mulher!

Enquanto minha filha via, percebia, e sofria esse assédio moral, tentava pedir a alguém para me chamar do lado de fora. Ela queria sair dali. Mas, a barulheira infernal, entre eles, num desrespeito a todos os doentes, enfermos que estavam e continuavam chegando, os ‘profissionais de saúde’ relatavam a festa do dia anterior, a tal que o Luan Santana esteve. Muitas risadas, muitas chacotas, não somente com minha filha, mas, com os demais também, até que alguém me chamou lá fora e disse-me: A tomografia saiu, não deu nada, e ela precisa ficar em observação. A senhora entre por que ela quer ir embora e não pode!”.

Eu, sem saber de nada, fui ao encontro de minha filha que estava descontrolada. Tentei fazê-la me contar o que tinha ocorrido, mas, foi inútil. Ela, do alto dos seus 21 anos, pediu para tirarem aquele colete cervical, e o soro, só repetiu olhando na tal enfermeira grosseira: vocês não tem ética profissional!

A enfermeira grosseira (que me foi contado somente depois), estava numa falsa gentileza comigo. Eu, inocente, apenas pedia pra minha filha esperar – o que foi em vão. Somente lá fora ela começava a me relatar, e dizia que, sabendo ‘como eu era’, tinha medo de eu fazer alguma besteira e ser presa. Apenas uma filha poupando uma mãe. Uma mãe leoa como muitas.

Assim que saiu o resultado da tomografia, uma dizia lá dentro: ‘o resultado da tomografia da menina do coco. Tá vendo que era frescura. Não deu nada. A minha filha não tinha nome: era a menina do coco. Se a veia era fininha, duas delas furando ‘delicadamente’ seu braço,  zombavam: ‘é de tomar tanto água de coco!’

Diante de um caso onde Deus a livrou de um coma, ou algo pior, aqueles que pretendem seguir carreira cuidando de pessoas, estão ali por mero status, por causa de um título. São estudantes, profissionais que estavam ali, no mínimo vivenciando uma ressaca do show de Luan Santana ou seja lá de quem for, para desdenhar da dor dos outros.

Eram mais ou menos 16h. Cenas como essas despertam um pavor, descrédito e desamor pela sua Pátria.

Assim está por aí afora. Mas, em se tratando do Traumas, dos profissionais da renomada UNIVASF, peço providências e resposta para esta falta de respeito, descaso, desatenção para com minha filha e todos que precisam ser atendidos naquele hospital.

(Minha filha quis e veio para casa, onde ainda sente dores pela cabeça e pescoço, e na alma. Eu, faltei ao trabalho para ficar ao seu lado. Pergunto: e esses prejuízos, quem arcará?)

*Nilda Rodrigues é radialista e secretária da OAB Juazeiro-BA. Mãe de Glenda Rodrigues

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *